Ventos continuarão favoráveis ao Bitcoin em 2022

Especialistas falam de crescimento do uso da criptomoeda e consequente aumento da procura e de valor

Por

Por Matheus Mans para Mercado Bitcoin

São Paulo - Apesar das fortes quedas no preço em 2021, das restrições impostas pela China proibindo a mineração ou da resistência de muitos países em regular e adotar seu uso, o Bitcoin, a moeda digital mais conhecida no mundo cripto, deverá ter um ano positivo em 2022, avaliam alguns especialistas ouvidos.

Embora o investimento no Bitcoin ainda seja predominantemente voltado à formação de reserva, o crescimento de seu uso como pagamento de bens e serviços ajuda a ampliar sua capilaridade. Mais uso, mais procura e entra em cena a lei da demanda e da oferta, com impacto direto no preço.

Devido à volatilidade das criptomoedas, não há consenso em relação ao valor do ativo para 2022, ainda que as apostas sejam de que ele continuará em movimento de alta.

No entanto, Nelson Mitsuo Shimabukuro, especializado no tema de criptomoedas e professor de Finanças da Universidade Presbiteriana Mackenzie Alphaville, aponta para perspectivas favoráveis.

“Prever valor do Bitcoin, e de qualquer outra moeda, é pura especulação. Mas há os que acreditam que ele deva chegar a US$ 100 mil ainda em janeiro de 2022. Se alcançar esse valor, pode ter um ‘boom’ especulativo muito grande”, diz. “Outros apontam um valor de US$ 250 mil até o final do ano para a criptomoeda”.

Crescimento versus procura

Em relação ao cenário para que a moeda atinja esses valores, há duas questões essenciais: sua maior adoção e a regulação do segmento cripto por parte dos governos. Em 2021, a procura e o interesse pelo Bitcoin cresceram significativamente, reforçando as discussões sobre a necessidade de regulamentação do mercado.

Sobre o primeiro ponto, avaliam, há expectativas de que o Bitcoin e outras moedas digitais, principalmente as stablecoins – as criptomoedas com lastro em ativos reais, como dólar, euro e outros ­, ganhem espaço no dia a dia de cidades e países, como o visto em El Salvador neste ano, que legalizou a criptomoeda em sua economia.

As cidades de Nova York e Miami apontam para direção semelhante, com recentes anúncios de governos da possibilidade de criarem sua própria moeda digital.

“Obviamente, há uma polêmica intensa nos bastidores nessa briga entre o controle do governo e iniciativas da sociedade civil. Essa conversa deve se intensificar. Mas acho que deve surgir muita coisa de Bitcoin na Ásia, principalmente no sudeste asiático, e também algumas coisas interessantes na Europa e nos EUA”, completa Shimabukuro.

Regulação

Bruno Milanello, executivo de novos negócios do Mercado Bitcoin, ratifica a visão do professor. “A evolução que tivemos nos últimos dois anos deve acontecer de forma cada vez mais acelerada, com mais empresas adotando a criptomoeda e países tendo experiências e novas aplicações que, ainda nem sabemos que existem”, diz o executivo.

Quanto à regulação, na última quarta-feira, 8, a Câmara dos Deputados aprovou em plenário o projeto de lei do deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) que trata da regulamentação do mercado de criptomoedas.

O projeto (PL 2303/15) é tido como bastante completo dentre todos os que foram apresentados na Câmara para análise. Nele, o Banco Central fica com a responsabilidade da fiscalização das moedas virtuais. O PL ainda precisa passar pelo Senado e ser sancionado pelo presidente.

Shimabukuro e Milanello concordam que o desfecho para uma regulamentação não deva vir no curto prazo, prolongando um pouco mais essa questão no Brasil.

“Ano que vem é de eleição e sabemos o quanto isso engessa o país”, explica Milanello. “É preciso ter mais clareza do cenário político e também do avanço dos estudos do governo, banco central e demais órgãos reguladores em relação ao mercado de criptoativos”, completa.

É preciso lembrar ainda que o dinamismo desse segmento, especialmente no que diz respeito a novos produtos, deve impactar positivamente o setor. Um exemplo são os NFTs e o metaverso, que ganharam corpo em 2021. “Tudo novo, tudo girando ao redor de criptoativos. É um caminho sem volta, algo inevitável”, afirma o executivo do Mercado Bitcoin.