Bloomberg — A gigante do café Starbucks ordenou uma inspeção completa em todas as filiais na China depois que repórteres disfarçados descobriram funcionários em dois de seus estabelecimentos usando ingredientes vencidos.
A rede de café se comprometeu a implementar uma política de tolerância zero no que se refere à segurança alimentar depois que o Beijing News, veículo de notícias apoiado pelo estado, informou que dois estabelecimentos na cidade de Wuxi violaram os padrões. Em uma filmagem divulgada na segunda-feira (13), a equipe foi vista removendo um adesivo com a data de validade de uma garrafa de calda de chocolate e substituindo-o por um novo impresso com uma data posterior. Em outra loja, foram encontrados doces e nibs de cacau vencidos à venda.
“Pedimos desculpas profundas e vamos melhorar ativamente as práticas. Vamos cooperar de perto com a investigação e solicitar monitoramento contínuo do público e da mídia “, disse a Starbucks China, em sua conta no Weibo, na noite de segunda-feira (13).
A empresa reconheceu que os funcionários violaram os regulamentos operacionais do país e prometeu lançar uma inspeção completa dos padrões de segurança alimentar em todos os 5.400 pontos de venda na China continental.
O assunto viralizou rapidamente no Weibo, acumulando 270 milhões de visualizações na manhã de terça-feira (14), gerando raiva entre muitos clientes. “Por favor, sirva café com a qualidade que vale o preço de 30-40 yuans (US$ 4,70 - $ 6,30)”, dizia um comentário.
As marcas estrangeiras costumam receber críticas e ser alvo de boicote na China, onde o nacionalismo do consumidor está em ascensão, incentivado pelo governo do presidente Xi Jinping. No início deste mês, a Canada Goose viu suas ações caírem 14% em três dias, após ser criticada pela mídia estatal por dar um reembolso a um cliente insatisfeito. Em um caso mais sério, a receita da rede de moda sueca H&M caiu depois de ser bloqueada em plataformas de comércio eletrônico por sua postura de não usar algodão proveniente de Xinjiang, a província ocidental onde a China é acusada de violações dos direitos humanos.
A China é um dos mercados mais importantes para o crescimento da Starbucks, sediada em Seattle, junto com os Estados Unidos. As vendas nas unidades chinesas da rede de café têm sido voláteis em meio ao ressurgimento da Covid-19 e às restrições intermitentes. Ainda assim, o CEO, Kevin Johnson, disse que o compromisso de longo prazo e a confiança da empresa para o crescimento na China são inabaláveis.
- Com a colaboração de Leslie Patton.
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