São Paulo — A Itaúsa, holding controladora do Itaú Unibanco, reduziu sua participação no capital da plataforma de investimentos XP Inc. com a venda de uma fatia de 1,39% por R$ 1,2 bilhão. Em fato relevante, a companhia diz que seu resultado do 4º trimestre deste ano refletirá um impacto positivo de R$ 900 milhões com os ganhos da operação.
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Em 2017, o grupo Itaú havia comprado 49,9% da XP por R$ 6,3 bilhões. A operação foi aprovada pelo BC em 2018, mas com restrições, a fim de preservar o ambiente de concorrência. Na época, o BC e as duas instituições assinaram um acordo que vetava o Itaú de adquirir o controle da XP no futuro. Após a listagem da XP na Nasdaq em 2019 e oferta subsequente de ações no ano seguinte, o Itaú viu sua participação na XP ser diluída, enquanto a XP passou a ganhar força no mercado. Impedido de comprar o controle da XP, o Itaú vem reduzindo sua presença na estrutura acionária. Neste ano, o conglomerado bancário concluiu a cisão de sua participação na fintech.
Segundo informou a XP no começo de novembro, os controladores do grupo Itaú tinham cerca de 18% de seu capital total da XP por meio da Itaúsa e da Iupar (Itaú Unibanco Participações). O free float (ações em circulação) soma quase 49%. A XP Controle Participação tem 21,68%.
Foram vendidas 7,8 milhões de ações da XP, informou hoje a Itaúsa, que ainda possui 13,67% do capital total da corretora e 4,30% de seu capital votante, equivalentes a 76.470.985 ações ordinárias classe A. A operação não altera o acordo de acionistas da XP, ou seja, a Itaúsa segue com o direito de indicar membros ao conselho de administração e comitê de auditoria da XP.
“A alienação decorre da decisão estratégica da companhia de diversificar seu portfólio em ativos do setor não financeiro, bem como de busca contínua pela melhor alocação de seu capital”, ressalta o fato relevante.
O Itaú Unibanco tem autorização do Banco Central para comprar cerca de 11,38% do capital social total da XP Inc. em 2022. Essa opção estava prevista no acordo assinado entre os dois grupos financeiros em 2017.
Na abertura dos negócios na B3 nesta terça-feira (14), as ações da Itaúsa sobem 2,10%, a R$ 9,74, enquanto os BDRs (recibos de ações listadas no exterior) da XP desabam 6,12%, a R$ 166,15.
Confira a cronologia da união e separação entre Itaú e XP
2017
11/05 - Itaú anuncia acordo para comprar 49,9% da XP com opção de elevar para 75% (12,5% em 2020 e 12,5% em 2022)
2018
10/8 - BC aprova entrada do Itaú na XP, mas Acordo em Controle de Concentração (ACC) veta Itaú de ter o controle
2019
11/12 - XP estreia papéis na Nasdaq, fazendo a participação do Itaú ser diluída para 46% das ações da XP
2020
2/12 - XP faz follow-on nos EUA. Na oferta, Itaú vende 5% e transfere 41% para nova holding, a Newco
2021
31/1 - Itaú aprova cisão da sua participação na XP, criando uma nova companhia, a XPart, que recebe 40,5% da XP
2/10 - Itaú aprova incorporação da XPart pela XP. Em troca, acionistas recebem ações ou BDRs (recibos) da XP
4/10 - XP inicia negociação de BDRs na B3 e herda base acionária de 500 mil investidores do Itaú
8/11 - Itaú diz que BC autorizou o grupo a comprar 11,38% da XP em 2022, data prevista no contrato de 2017
14/12 - Itaúsa diz que vendeu 1,39% da XP por R$ 1,2 bilhão, reduzindo sua participação no capital da plataforma
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