Bloomberg — O banco central do Chile aumentou sua principal taxa de juros em 125 pontos-base pela segunda reunião consecutiva, à medida que os formuladores de política monetária buscam conter o boom de gastos do consumidor e a inflação mais rápida em mais de uma década.
O banco elevou a taxa do overnight para 4% nesta terça-feira, conforme previsão de 13 dos 16 economistas ouvidos em uma pesquisa da Bloomberg. Dois esperavam um aumento de um ponto percentual, enquanto outro previa uma alta de 1,5 ponto percentual.
Os membros do banco central chileno já aumentaram a taxa em 350 pontos base neste ano, para o nível mais alto desde 2014.
Os membros do banco central liderados por Mario Marcel estão tentando combater a inflação ascendente, já que a economia deve se expandir mais de 11% este ano, seu ritmo mais rápido já registrado.
Os trabalhadores que acumulam dinheiro com os saques antecipados de aposentadoria e a ajuda de emergência durante a pandemia impulsionaram a demanda por produtos, desde alimentos até carros. Enquanto isso, a incerteza política antes do segundo turno presidencial está enfraquecendo o peso e elevando o custo das importações.
“A forte recuperação reflete os efeitos do estímulo fiscal sobre o consumo”, escreveram economistas do Barclays Capital Inc., incluindo Pilar Tavella, antes da decisão do banco. “Para 2022, mantemos nossa previsão de crescimento acima do consenso de 4%, pois acreditamos que o estímulo fiscal de 2021 levará tempo para ser totalmente revertido.”
Eleições disputadas
O aumento da taxa vem antes do altamente disputado segundo turno presidencial de domingo. A eleição coloca o esquerdista Gabriel Boric, que promete impostos mais altos e melhores serviços públicos, contra o rival conservador José Antonio Kast, que quer impostos mais baixos e um papel menor para o estado.
Inflação mais rápida e taxas de juros mais altas são um fenômeno mundial. Na semana passada, o Brasil aumentou seus custos de empréstimos pela sétima reunião consecutiva, enquanto o México e a Colômbia devem subir as taxas no final desta semana.
A inflação anual do Chile disparou para 6,7% em novembro, com aumentos impulsionados por energia e vestuário. Economistas e traders consultados pela autoridade monetária veem o crescimento dos preços acima da meta de 3% para os próximos dois anos.
--Com assistência de Rafael Mendes, Rafael Gayol e Eduardo Thomson.
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