Miami — Os serviços de delivery de comida continuam crescendo na América Latina. O empreendedores se endereçam a esse mercado de todas as formas possíveis e esperam que o método da vez seja o definitivo. Alguns investidores acreditam que a promessa de entrega em 15 minutos não vai se sustentar para sempre, pois as startups não podem se dar ao luxo de manter o ritmo se não forem subsidiadas pelos investidores; outros observam a demanda e acreditam que a entrega instantânea veio para ficar. Mas poucas empresas estão apostando que, para economizar, os consumidores podem estar dispostos a planejar com antecedência e comprar mantimentos on-line antes de precisarem fazê-lo.
Na verdade, essa é uma tática que a Amazon tem empregado nos Estados Unidos: se você não tiver pressa para receber seu pedido nos dias seguintes, a empresa oferece um desconto de cerca de US$ 1 (em alguns pedidos, não em todos).
Seguindo esses passos está a mercearia on-line Shopper, do Brasil, que anunciou a conclusão de uma rodada da série C de US$ 30 milhões apenas oito meses após sua série B de US$ 21 milhões. A rodada foi liderada pelo GIC, de Singapura, e contou com participação do Quartz (fundo do presidente da Renner), Minerva Foods, Oikos e Floating Point.
A empresa afirma que seu serviço é 12% mais barato que o de outras mercearias on-line porque os consumidores encomendam os mantimentos com bastante antecedência. A empresa não possui um estabelecimento físico.
“Se um consumidor comprar um produto antes de precisar dele, não precisará apressar a entrega, então podemos economizar e oferecer preços melhores”, disse Fábio Rodas, cofundador e CEO da Shopper.
“Como podemos antecipar as compras, podemos planejar a logística e, portanto, oferecer preços melhores. Não é um modelo subsidiado, nosso modelo é realmente mais barato “, disse Bruna Vaz, cofundadora e COO da Shopper.
Até a Série B, a Shopper vendia produtos não perecíveis – principalmente coisas para manter na despensa – mas a empresa usou o dinheiro da rodada anterior para lançar o Shopper Fresh, que oferece entrega semanal de alimentos frescos.
A empresa começou na cidade de São Paulo em 2015 e hoje está em 75 cidades do estado. O plano é utilizar os recursos desta rodada para construir uma terceira central de armazenamento no estado (a empresa já tem dois) e lançar operações no Rio de Janeiro em 2022.
Muitas vezes, as ideias de um fundador para sua startup decorrem de um problema pelo qual o próprio fundador passou; para outros, sobressai o desejo de se tornar um empreendedor e construir algo que mude a forma como as pessoas vivem suas vidas – sem mencionar a possível compensação monetária que pode vir com a criação de uma empresa que cresce. Rodas e Vaz estão no segundo grupo.
“Não temos histórias divertidas sobre nosso sabonete acabar e descobrirmos a necessidade de um delivery de mantimentos. Nós realmente apenas analisamos o mercado”, disse Rodas. “Percebemos que o sistema não mudava há gerações”.
Eles consideraram modelos diferentes e olharam para o mercado exterior para ver o que funcionava. Nos EUA, a InstaCart é um sucesso. A empresa americana está avaliada em US$ 39 bilhões e oferece serviços de entrega rápida de mantimentos de vários varejistas, mas não possui nenhum armazém ou loja – é apenas o serviço de entrega. Mas a entrega urgente tem um custo significativo quando somada ao longo de um ano, por exemplo.
“O Brasil é um país muito pobre, diferente dos EUA e da Europa, então, embora a InstaCart fosse um sucesso nos EUA, percebemos que o modelo não funcionaria aqui”, disse Rodas.
De fato, a InstaCart é usada por muitas pessoas solteiras que vivem em centros urbanos e têm uma vida agitada e, portanto, não têm tempo para ir ao supermercado. Não se trata de economizar dinheiro, mas sim de economizar tempo.
“Visamos famílias maiores, então esperamos uma economia de mais de R$ 1 mil por ano”, disse Rodas.
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