JBS compra empresa italiana uma década após disputa na Inalca

Negócio inclui quatro fábricas e toda operação da Principe nos EUA, inclusive planta de fatiamento em Nova Jersey

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Bloomberg Línea — Dez anos depois do conflito com a família Cremonini, ex-sócio italiano na Inalca, a JBS anunciou na manhã de hoje um nova investida no país europeu. A empresa brasileira comunicou a aquisição da centenária fabricante italiana de charcutaria King’s por US$ 92,5 milhões. A operação será realizada por sua subsidiária, também italiana, Rigamonti, umas das líderes em produção de bresaola e garante a expansão da empresa no segmento de charcutaria e também no mercado italiano.

Com a compra, a JBS incorpora à Rigamonti quatro fábricas na Itália, além de toda a operação da Principe nos Estados Unidos, que inclui uma planta dedicada ao fatiamento de peças em Nova Jersey. Além do mercado americano, os produtos da King’s acessam mais de 20 países. O grupo é líder de mercado na produção do Prosciutto di San Daniele D.O.P. e tem atuação relevante na fabricação de Prosciutto di Parma D.O.P.

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O negócio abrange ainda a operação comercial de duas marcas históricas, conhecidas pela alta qualidade no mercado de charcutaria italiana. A marca King’s, fundada em 1907, e que conta com o reconhecimento do governo italiano como “Marca Histórica de Interesse Nacional”, e a marca Principe, fundada em 1945. Com essa aquisição, a Rigamonti passa a deter também a participação de 20% da Piggly, primeiro criador de suínos sustentável e 100% livre de antibióticos da Itália, com duas unidades produtivas.

Guerra das bresaolas

A investida da JBS no mercado italiano não é recente. Em dezembro de 2007 a brasileira adquiriu 50% do capital Inalca, tornando-se sócia da família Cremonini. A briga societária começou dois anos depois, quando a JBS incorporou os negócios do Grupo Bertin no Brasil e no mundo, o que incluía os ativos da Rigamonti, concorrente direta da Inalca. Na prática, a JBS tornou-se concorrente dela mesma.

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Depois da compra da Rigamonti, a relação nunca mais foi a mesma. A família Cremonini acusava a JBS de não cumprir o contrato de exclusividade para atuação na Itália. Por sua vez, a JBS acusava a empresa de não cumprir o acordo de acionistas, que lhe garantia a nomeação de executivos para cargos chave na operação da empresa e chegou a abrir um processo judicial exigindo uma perícia contábil nas contas da Inalca.

A disputa durou mais de dois anos, até que em março de 2011, a JBS decidiu devolver a participação de 50% que tinha na Inalca para os Cremonini. Em contrapartida, a empresa brasileira foi reembolsada em 219 milhões de euros, praticamente o mesmo valor desembolsado em 2007.

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