Bloomberg — Em meio aos esforços para apagar incêndios econômicos em várias frentes, a China corre para combater a especulação em torno da valorização da moeda local antes que saia do controle.
Enquanto administra a desaceleração do setor imobiliário e duas das maiores reestruturações de dívida corporativa já realizadas no país, a última coisa que Pequim precisava agora era de uma rápida apreciação do yuan. O banco central tentou evitar isso esta semana — primeiro forçando as instituições financeiras a manter mais moeda estrangeira em reserva e em seguida estabelecendo uma taxa de referência diária bem mais fraca do que as estimativas. Talvez seja preciso fazer mais.
A virada em direção a políticas governamentais mais flexíveis este mês trouxe uma enxurrada de capital especulativo para ações e títulos públicos, ajudando a levar o yuan para o nível mais forte em mais de três anos.
Investidores estrangeiros compraram US$ 3,4 bilhões em ações denominadas em moeda local apenas na quinta-feira, quase batendo um recorde. Além disso, os estrangeiros detêm uma quantia sem precedentes de US$ 375 bilhões em títulos públicos.
A China há muito tempo teme os riscos oriundos dos fluxos de capital, especialmente após uma desvalorização cambial bastante desorganizada em 2015. As autoridades impõem rígidos controles ao dinheiro que entra e sai do país. Influxos rápidos aumentam o risco de formação de bolhas de ativos, que podem estourar quando o dinheiro vai embora. Em novembro, autoridades reguladoras alertaram instituições financeiras contra apostas em uma direção única do yuan.
“Alguns dos fluxos serão de capital especulativo”, disse Hao Hong, estrategista-chefe da Bocom International Holdings, à Bloomberg Television nesta sexta-feira. “Vimos esse filme em 2007 e novamente em 2015. É uma faca de dois gumes — quando esse dinheiro sai do país, os mercados financeiros podem se desestabilizar.”
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