Captações de emergentes devem recuar após salto na pandemia

Este ano foi o segundo melhor para emissões, conforme dados até 7 de dezembro

Por

Bloomberg — A quantia em empréstimos tomados por emissores de países em desenvolvimento nos mercados globais de dívida deve diminuir, diante da alta dos juros e da redução dos gastos extraordinários da pandemia, trazendo os vendedores de títulos de volta ao chão após um passeio nas nuvens induzido pela pandemia.

Governos e empresas em mercados emergentes captaram US$ 745 bilhões em títulos denominados em dólares, euros e ienes até 7 de dezembro, fazendo de 2021 o segundo melhor ano para emissões, de acordo com dados compilados pela Bloomberg durante duas décadas. Há uma enxurrada de novos negócios à vista porque os tomadores de empréstimos correm para refinanciar dívidas enquanto os juros ainda estão baixos. Porém, é improvável que o volume deste ano ultrapasse o recorde de 2020, de US$ 771 bilhões.

A tendência adiante é de estabilização — ou mesmo queda.

“Se o aperto nas medidas governamentais nos mercados desenvolvidos vier acompanhado de desaceleração no crescimento global e apetite por risco mais fraco, o total de emissões pelos emergentes deve diminuir e vice-versa”, afirmou Sara Grut, estrategista do Goldman Sachs Group em Londres.

Veja mais: Empresas da AL emitem 4 vezes mais títulos globais ESG, diz BofA

Os emergentes fizeram as maiores captações em registro em 2020, quando a pandemia fechou cidades, estrangulou a atividade econômica e forçou autoridades a buscar financiamento. Agora, esses países têm pelo menos US$ 478 bilhões em principal de dívidas em dólares, euros e ienes vencendo no próximo ano, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A atenção aos tomadores chineses foi maior em 2021 diante dos problemas de endividamento da China Evergrande Group e do risco de contaminação de outros emissores. Apesar das perdas em alguns títulos de companhias imobiliárias do país, a China representou aproximadamente 25% das emissões totais em moeda forte por nações emergentes neste ano, segundo dados até 7 de dezembro.

Em 2022, o Bank of America projeta venda bruta de US$ 179 bilhões em dívida externa soberana e mais US$ 500 bilhões em emissões corporativas, totalizando US$ 679 bilhões em dívida externa a ser emitida pelos emergentes no ano que vem. O JPMorgan Chase espera emissão de US$ 152 bilhões pelos governos de países em desenvolvimento (22% a menos do que o banco previa para 2021) mais US$ 525 bilhões em colocações corporativas. O Goldman Sachs estima venda bruta de US$ 130 bilhões em títulos soberanos de mercados emergentes, liderada pela América Latina.

O recuo nas captações soberanas em 2021 e 2022 representa um retorno à tendência após a anomalia de 2020, disse Cristian Maggio, estrategista-chefe de carteiras do Toronto Dominion Bank em Londres.

Veja mais em bloomberg.com