Doxy.me, plataforma de telemedicina gratuita, se expande para AL

Empresa detém 30% do mercado dos EUA e não recebeu aportes de venture capital

A Doxy.me permite que médicos ofereçam telemedicina gratuitamente a seus pacientes
Por Marcella McCarthy (Brasil) - Bianca Carlos
08 de Dezembro, 2021 | 12:06 PM

Miami — A pandemia foi terrível em muitos aspectos, mas para a tecnologia da saúde – especificamente, a telemedicina – as restrições e necessidades geradas pela pandemia ajudaram a transformar o setor praticamente de um dia para o outro. “Afinal, em um mundo sem contato presencial e cheio de vírus, o que precisamos mais que telemedicina, monitoramento remoto e saúde mental em aplicativos?” declara o relatório de meados de 2021 da StartUp Health. O fundo de tecnologia de saúde e empresa de insights StartUp Health conta com a Alphabet, a Sequoia e a Andreessen Horowitz como alguns de seus coinvestidores.

No ano passado, a inovação global em saúde gerou US$ 16,7 bilhões em investimentos e, neste ano, só no final do terceiro trimestre, o setor levantou US$ 30,3 bilhões, representando uma taxa de crescimento de 81% – e o ano ainda nem acabou.

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Embora o financiamento indique que o mercado está aquecido e que os investidores e inovadores veem seu potencial, isso não significa o sucesso de uma empresa. Embora seja raro, algumas empresas de tecnologia são capazes de gerar muito burburinho sem gastar um centavo de capital externo. Uma dessas empresas é a Doxy.me, plataforma norte-americana de telemedicina que detém 30% de participação de mercado dos Estados Unidos – segundo seu fundador e CEO, Brandon Welch – e que agora está se expandindo para a América Latina. Outra grande empresa nos EUA é a Zoom Technologies, usada por sistemas de saúde gigantescos, como o Cleveland Clinic.

“Simples, grátis e seguro” é o lema da empresa porque a Doxy.me não cobra nada dos médicos ou pacientes pela versão freemium, que é “como Skype, mas para médicos”, disse Welch à Bloomberg Línea em uma entrevista em Miami. Você também não precisa de um aplicativo para usar a Doxy.me. Tudo que precisa é um link, que pode ser usado no celular ou no computador. A empresa oferece uma versão empresarial paga – é o que permite manter a versão freemium ativa. A versão empresarial oferece mais recursos, mas por um preço. “O custo nunca deve impedir alguém de usar a telemedicina”, disse Welch, que parece muito voltado para sua missão e cujo objetivo é “telemedicina para todos”, em vez de “comprar um iate e navegar pelo mundo”, algo que ele afirma não despertar seu interesse.

Brandon Welch, CEO e fundador da Doxy.me

Welch, que é professor de informática biomédica na Medical University of South Carolina, lançou a empresa em 2014 como um projeto paralelo após concluir o doutorado em informática biomédica, descrito por ele como um “software para médicos”. Antes da pandemia, a telemedicina enfrentou empecilhos nos EUA, principalmente a respeito de reembolso do seguro-saúde e o cumprimento das políticas de saúde. No entanto, à medida que as autoridades orientavam as pessoas a ficarem em casa, as seguradoras tiveram de se adaptar à telemedicina – e rapidamente.

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Antes do Covid, a Doxy.me trabalhava com 80 mil médicos; dois meses depois, eram 700 mil. Agora, dois anos depois, são 1,2 milhão de médicos em 176 países.

Como resultado, Welch teve de abandonar sua carreira e se dedicar a maior parte de seu tempo à Doxy.me, embora ainda permaneça na equipe da universidade.

Embora a plataforma já seja usada na América Latina, a empresa agora abriu oficialmente uma sede na Cidade do México, onde contratou uma equipe de quatro pessoas, e também planeja se expandir para a Colômbia. O Brasil está nos planos (a empresa já tem usuários no país), mas a expansão é um pouco mais complicada porque a plataforma precisa ser traduzida.

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No México e na Colômbia, a Doxy.me enfrentará a concorrência existente. No México, temos a Sofia, apoiada pela Kaszek Ventures, Ribbit Capital e Index Ventures. Na Colômbia – e na América Latina mais ampla – há a 1Doc3, apoiada pela MatterScale Ventures e pela Kayyak Ventures – e embora ambas ofereçam atendimento virtual, nenhuma foca em consultas por vídeo gratuitas.

A Sofia oferece telemedicina e atendimento especializado, bem como seguro-saúde, enquanto a 1Doc3 se concentra no acesso às (e para as) massas, também oferecendo atendimento por mensagens de texto e bate-papo – afinal, nem todos na América Latina possuem internet banda larga.

“Estou usando um MacBook para esta entrevista, mas esse não é o caso da maioria das pessoas na América Latina”, disse Javier Cardona, cofundador e CEO da 1Doc3, quando o entrevistei no início deste ano.

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Contudo, a simplicidade do produto de Welch e o fato de que ele é gratuito pode fazer a diferença no mercado. Se conseguir, ele terá muito capital, mas ele já afirmou que dinheiro não é seu objetivo. “Não focamos muito na receita. A receita existe para sustentar nossa missão de telemedicina para todos”, disse. “Quero deixar minha marca no mundo com a healthtech e agora a forma de fazê-lo é sendo CEO da Doxy.me”, acrescentou.

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Marcella McCarthy

Marcella McCarthy (Brasil)

Jornalista americana/brasileira especializada em tech e startups com mestrado em jornalismo pela Medill School na Northwestern University. Cobriu America Latina, Healthtech e Miami para o TechCrunch e foi fundadora e CEO de um startup Americano na área de EdTech. Baseada em Miami.

Bianca Carlos

Localization Specialist na Bloomberg Línea. Formada em Tradução pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), conta com uma década de experiência, principalmente em material jurídico e técnico.