Renda fixa: Estratégia do Fed complica vida de investidor em Treasuries

Analistas de Wall Street alertam que o fim das compras de títulos pelo banco central americano (Federal Reserve) vai piorar a situação

Mercados seguem com forte oscilação
Por Liz McCormick e Edward Bolingbroke
06 de Dezembro, 2021 | 07:15 PM

Bloomberg — Comprar e vender grandes quantidades de títulos públicos dos EUA sem causar grandes oscilações no mercado está mais difícil do que em qualquer outro momento desde o início da pandemia, em março de 2020. A volatilidade aumentou, assim como o número de negociações malsucedidas. Analistas de Wall Street alertam que o fim das compras de títulos pelo banco central americano (Federal Reserve) vai piorar a situação.

Quando os mercados pararam no ano passado, a liquidez na maioria dos instrumentos do Tesouro americano desapareceu, forçando o Fed a anunciar compras gigantescas de ativos e outras medidas para evitar um colapso. Agora o BC dos EUA está reduzindo essas compras, focadas nos títulos do Tesouro menos líquidos, e está prestes a acelerar o processo de saída. Paralelamente, o governo está fazendo menos captações.

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“O Tesouro está cortando o valor dos papéis mais líquidos e o Fed está parando de comprar os menos líquidos”, disse John Briggs, estrategista-chefe global para mesas de operações da NatWest Markets. “E o que vemos no mercado de Treasuries em geral é que a liquidez é uma miragem. O Fed ainda é basicamente o único balanço patrimonial de verdade na praça.”

A alta volatilidade nos papéis do Tesouro no mês passado mostrou o que está em jogo. Inflação e pandemia persistentes causam grandes oscilações diárias no rendimento dos papéis, o que indica liquidez escassa e traz à tona memórias de crises passadas.

A liquidez desse mercado tem chamado a atenção desde que o “flash rally” de 2014 ilustrou o rápido sumiço da formação de mercado. O Bank of America, por exemplo, argumenta que o mercado superou sua capacidade de transferir riscos de forma limpa e requer um órgão oficial para intervir como negociador de última instância.

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Neste contexto, a redução das compras de títulos pelo Fed causa apreensão. O BC compra principalmente títulos mais antigos, que representam 95% desse mercado de US$ 22 trilhões, mas são negociados com menor frequência. Enquanto isso, leilões cada vez menores diminuem a disponibilidade de papéis desejados e que servem como referência para a maioria dos títulos ao redor do planeta.

A combinação “é um mecanismo para mais episódios de iliquidez e volatilidade”, disse Praveen Korapaty, estrategista-chefe de juros do Goldman Sachs Group. “Se o Fed não estiver presente, outros no mercado estarão menos dispostos a fornecer liquidez aos títulos pouco desejados. E ao mesmo tempo o Tesouro está diminuindo a emissão de papéis desejados.”

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