O que você precisa saber sobre Litecoin, a ‘prima rápida’ do Bitcoin

Moeda digital tem como características maior agilidade e menores custos de transações do que o BTC

Projeto tinha como intuito inicial solucionar problemas do Bitcoin
05 de Dezembro, 2021 | 09:28 AM

Bloomberg Línea — Entre tantas criptomoedas no mercado, às vezes, fica difícil entender e distinguir cada uma. A Litecoin, por exemplo, recentemente completou 10 anos de seu surgimento e é uma das inúmeras criptos que sucederam os famosos Bitcoins.

Criada em 2011 por Charlie Lee, um engenheiro de programação do Google, a Litecoin foi uma das primeiras criptomoedas disponibilizadas no mercado e seu projeto teve como intuito inicial a criação de uma cripto que corrigisse algumas das falhas e pontos fracos do Bitcoin.

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Devido ao conhecido trilema das plataformas blockchain, a rede do Bitcoin tem seu foco voltado para descentralização e segurança. Já no projeto Litecoin, o foco é outro. Os blocos podem ser minerados com um grau maior de facilidade e velocidade, o que faz com que suas transações ocorram com mais agilidade e menores custos.

“No universo das criptomoedas, muitos se referem ao Litecoin como a ‘prata digital’ e ao Bitcoin como ‘ouro digital’”, comenta Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, escritório ligado ao banco BTG Pactual.

Tanto o Bitcoin quanto o Litecoin usam em seu processo de mineração o algoritmo de Prova de Trabalho (PoW). Contudo, a Litecoin tem como diferencial a implementação de um outro protocolo, o Atomic Swap. Ele permite que sua rede blockchain se comunique com outras redes de diferentes criptomoedas.

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“Essa interoperabilidade permite transações mais amplas, o que é visto como uma importante vantagem”, diz Farto.

No geral, as Litecoins se diferem do Bitcoin em três principais pontos:

1) Velocidade

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Enquanto a criação e verificação de blocos do Bitcoin leva cerca de 10 minutos, o mesmo processo ocorre a cada 2,5 minutos no Litecoin.

2) Suprimento

O total de suprimento de moeda criado pela Litecoin chega a ser quatro vezes maior do que o suprimento de Bitcoin. Devido a essa caraterística, a previsão é de que a rede possa criar até 84 milhões de moedas para negociação, contra o limite de 21 milhões do Bitcoin.

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3) Taxa de transação

A Litecoin possui um processo de mineração que demanda menor capacidade computacional do que os Bitcoins, por exemplo. Com isso, a rede permite um maior número de participantes na mineração, o que acaba reduzindo drasticamente suas taxas por transação.

A situação no momento

O mercado de criptomoedas passou por grandes mudanças desde o surgimento das Litecoins, lá em 2011. Atualmente, a moedas enfrenta um nicho onde quem ganha destaque são as que estão mais ligadas a projetos de DeFi e metaverso/NFT, termos que ganharam bastante força nos últimos meses.

“Os projetos de DeFi ganham destaque por se proporem a trazer inovações para substituir diversos segmentos do mercado financeiro por estruturas descentralizadas”, pontua Farto. “Já os projetos voltados para as estruturas de metaverso e NFT mesclam a possibilidade de interação em realidade virtual em redes sociais, interações profissionais e jogos interativos”, completa.

Dessa forma, apesar de inicialmente ter sido entendida como uma concorrente do Bitcoin, a Litecoin acabou perdendo um pouco de espaço. Especialistas de cripto vêm observando que projetos como a Litecoin estão se moldando para se assemelhar com projetos da segunda camada da rede Bitcoin, a qual se coloca como uma opção para transações de menor valor.

“A LTC ainda é o 15º maior ativo do mundo, com uma capitalização de US$ 14,7 bilhões, mas desde 2017 o projeto só perdeu mercado e hoje em dia praticamente não tem mais atualizações”, destaca Thales Inada, especialista em criptoativos da Spiti

Futuro?

Apesar disso, os movimentos por trás da plataforma continuam. “A fundação por trás da Litecoin vem se aproximando de empresas do mercado financeiro e até adquiriu parte de um banco alemão para se integrar e se tornar mais competitivo às opções de segunda camada”, comenta Farto.

Moedas criadas com o intuito inicial de serem soluções aos problemas de escalabilidade do Bitcoin estão buscando se adaptar às novas tendências do mercado, se aproximando cada vez mais do cliente comum e suas necessidades.

“Esse tipo de projeto deve permanecer ativo, dado que existem inúmeros outros projetos que exigirão moedas capazes de serem transacionadas com facilidade e a baixo custo”, destaca Farto.

Outro ponto favorável à Litecoin é sua interoperabilidade. Atualmente, essa característica é bastante desejada por ativos cripto, já que isso pode fazer com que a moeda possa ser usada como uma ponte entre diferentes redes com soluções diversas.

Mas como investimento, para alguns analistas, a palavra de ordem ainda é cautela. “A falta de atualização e de uma comunidade para apoiá-lo, coloca o ativo em risco, pois pode ser alvo de ataques”, alerta Inada. Por isso, enquanto o projeto não passar por uma reestruturação consistente, ele deve ser encarado com muito cuidado pelos investidores.

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Igor Sodré

Jornalista com formação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, com experiência na cobertura de cultura e economia, tendo como foco mercado financeiro e companhias. Passou pela Bloomberg News e TradersClub.