A mais nova tendência dos hedge funds é ... ter mulheres no comando

Dos milhares de hedge funds, apenas cerca de 80 são liderados por mulheres atualmente

Mala Gaonkar, do Surgo Capitol
Por Katherine Burton - Nishant Kumar e Hema Parmar
04 de Dezembro, 2021 | 08:30 AM

Bloomberg — Quando Mala Gaonkar e Divya Nettimi lançarem seus hedge funds em 2022, alguns banqueiros e investidores esperam que cada uma comece com US$ 1 bilhão ou mais sob gestão. Nunca houve um lançamento tão grande de uma empresa liderada por mulheres, muito menos dois no mesmo ano.

Elas são apenas as mais proeminentes de um grupo de mulheres que estão lançando, ou lançaram recentemente, fundos no mundo todo. Demorou. Dos milhares de hedge funds, apenas cerca de 80 são liderados por mulheres atualmente, de acordo com a Kresge Foundation, uma organização filantrópica com sede em Troy, Michigan, que rastreia a diversidade entre gestores.

“É um momento decisivo ter vários lançamentos de hedge funds liderados por mulheres”, diz Dominique Mielle, ex-sócia e gestora da Canyon Capital, também autora de “Damsel in Distressed: My Life in the Golden Age of Hedge Funds”.

“As mulheres devem superar os homens se quiserem permanecer no negócio, mas, mesmo quando o fazem, investidores relutam em confiar seu dinheiro a elas, limitando assim o tamanho dos fundos administrados por mulheres. E lá se vai o círculo vicioso com mulheres administrando fundos pequenos, mais instáveis e menos relevantes, que dificilmente destacam as habilidades do investimento feminino. Grandes lançamentos de US$ 1 bilhão podem desconstruir essa imagem mofada.”

PUBLICIDADE

Um número crescente de mulheres no setor ganhou dinheiro suficiente e consolidou relações para iniciar seus próprios negócios. Ao mesmo tempo, muitos investidores decidiram que a diversidade na gestão de recursos beneficia o desempenho e também a sociedade.

“Mais investidores estão reconhecendo que o investimento do dia a dia tem a ver com a tomada de decisões, e a ciência é muito clara de que equipes mais diversificadas tomam melhores decisões”, diz Rob Manilla, vice-presidente e diretor de investimentos da Kresge Foundation, que planeja colocar 25% de seus ativos nos EUA nas mãos de gestores que representem a diversidade até 2025. “Por que pensaríamos que toda boa ideia de investimento precisa vir de um homem branco?”

Aqui estão alguns lançamentos futuros para ficar de olho:

MALA GAONKAR

Mala Gaonkar, Surgo Capitol (Fonte: Andrew Harrer/Bloomberg)
  • Nome do fundo: Surgo Capital
  • Empresa anterior: Lone Pine Capital
  • Foco: Tecnologia, mídia, segmento financeiro em mercados emergentes, empresas privadas
  • Sede: Nova York
  • Ativos sob gestão: a confirmar
  • Lançamento: 2022

Em outubro, quando a lenda do setor de hedge funds Stephen Mandel anunciou a investidores que Gaonkar estava saindo em janeiro para abrir sua própria firma de investimento, ele disse a clientes que a executiva, de 52 anos, “tem sido fundamental para o desenvolvimento de nossa empresa e nosso desempenho de investimento”.

Gaonkar entrou na Lone Pine em 1998, ano em que foi fundada, e em janeiro de 2019, quando Mandel decidiu deixar de lado a gestão do dia a dia, decidiu nomeá-la com outros dois gestores para administrar os agora US$ 33 bilhões em investimentos da empresa. Na Lone Pine, Gaonkar investiu principalmente em empresas de capital aberto em telecomunicações, mídia, internet, tecnologia e finanças de mercados emergentes. Pessoas próximas à gestora esperam que ela faça mais apostas em empresas privadas em seu novo fundo.

Nascida nos Estados Unidos, Gaonkar passou a maior parte da infância em Bengaluru, na Índia, onde muitos de seus familiares eram médicos. Estudou economia em Harvard e, alguns anos depois, voltou para fazer um MBA, após o qual passou dois anos na Kauffman Fellowship, um programa de dois anos com foco em capital de risco. Ela passou a maior parte da carreira no escritório da Lone Pine em Londres, e sua nova empresa terá sede na cidade de Nova York.

Gaonkar não quis comentar.

PUBLICIDADE

LISA AUDET

  • Nome do fundo: Tall Trees Capital Management
  • Empresa anterior: Discovery Capital Management
  • Foco: ações relacionadas ao meio ambiente
  • Sede: Greenwich, Connecticut
  • Ativos sob gestão: US$ 50 milhões a US$ 75 milhões
  • Lançamento: começo de 2022
Lisa Audet, da Tall Trees Capital Management (Fonte: Cortesia de Lisa Audet)

Depois de passar 12 anos na Discovery Capital, onde se concentrou em apostas de energia, Audet, 56, está lançando a Tall Trees Capital Management.

A empresa deve começar a operar no primeiro trimestre com US$ 50 milhões a US$ 75 milhões sob gestão e uma equipe de quatro pessoas, de acordo com uma fonte. A empresa vai apostar em investimentos relacionados à mudança climática em empresas de capital aberto, incluindo companhias que usam tecnologias de energia limpa ou que aceleram a descarbonização de setores não energéticos. O fundo também pode explorar investimentos privados.

Audet não quis comentar.

DIVYA NETTIMI

  • Nome do Fundo: a confirmar
  • Empresa anterior: Viking Global Investors
  • Foco: empresas com capital aberto e privadas
  • Sede: Nova York
  • Ativos sob gestão: a confirmar
  • Lançamento: 2022

Nettimi, 35, foi uma das investidoras com foco em tecnologia mais talentotas da Viking Global Investors. Essa reputação alimenta expectativas de que poderia levantar US$ 1 bilhão para seu novo fundo em 2022 e se juntar às fileiras de outros ex-investidores de sucesso da Viking - entre eles Dan Sundheim, Ben Jacobs e Tom Purcell - que captaram bilhões de dólares para suas próprias empresas.

Na Viking, Nettimi administrou mais de US$ 4 bilhões como diretora de investimentos globais em tecnologia, mídia e telecomunicações da empresa. Ela também liderou os investimentos da Viking na Microsoft, Amazon.com, ServiceNow e Sea Ltd., com sede em Singapura.

Sua nova empresa se concentrará em investimentos em companhias listadas e de capital fechado, de acordo com pessoas a par dos planos.

Nettimi não quis comentar.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também