Onda de IPOs é um dos destaques do mercado em 2021, diz gestor

João Luiz Braga, sócio e analista da Encore Asset Management, fala sobre os desafios e os cenários para abertura de capital em 2022

Para gestor da Encore, a estreia de novas empresas na B3 é um dos destaques positivos do mercado acionário neste ano
03 de Dezembro, 2021 | 10:37 AM

São Paulo — O gestor João Luiz Braga, fundador da Encore Asset Management, contraria o discurso pessimista disseminado no mercado financeiro neste ano marcado pelo ciclo de alta dos juros, pelas pressões inflacionárias e pela tensão de ano pré-eleitoral. Para o ex-XP Asset, a Bolsa brasileira está barata, os investidores estrangeiros ainda estão apostando nos ativos do país,e migrar para as aplicações de renda fixa pode não ser um bom negócio. Entre os destaques do ano, ele aponta a onda de ofertas iniciais de ações (IPO), interrompida neste quarto trimestre devido ao aumento da volatilidade, após a estreia de 45 novas companhias no pregão da B3.

Veja mais: Santander prevê 55 novas companhias listadas na B3 em 2021 com onda de IPOs

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“Se o cenário melhorar um pouquinho, se a gente tem um rali, os resgates dos fundos vão parar, e as pessoas vão ficar um pouco mais tranquilas de ficar na Bolsa. Não é um cenário que está todo mundo pessimista, todo mundo vendendo, ‘meu Deus do céu, vai cair’. A Bolsa já está tendo volatilidade sem sair do lugar: ou seja, se cair alguém compra, se sobe também alguém vende”, disse Braga em entrevista à Bloomberg Línea.

Ontem, o Ibovespa fechou em alta de 3,66%, aos 104.466 pontos, acumulando, no entanto, uma desvalorização nominal de 12,26% em 2021 e de 6,63% em 12 meses. A inflação oficial do Brasil atingiu 10,67% em 12 meses, até outubro (último dado disponível do IPCA, divulgado pelo IBGE).

“Não faz sentido zerar Bolsa neste momento”, diz o gestor da Encore ao analisar o movimento de investidores domésticos reduzindo posições em renda variável e alocando mais recursos em aplicações de renda fixa.

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Sobre os riscos decorrentes do surgimento da variante ômicron, da Covid-19, Braga admite que ainda não tem certezas sobre o assunto, mas analisa a decisão de ontem da Opep + (cartel dos países produtores de petróleo) de aumentar a produção em janeiro.

“Sobre a ômicron, não tenho muita certeza de nada não, mas achei curioso que hoje a Opep + não quis reduzir o nível de produção de petróleo. São pessoas muito importantes e certamente muito mais bem informadas do que eu, então para o nível de informações de hoje, acho que eles devem imaginar que a ômicron é menos pior do que parece, senão eles certamente reduziriam a produção de petróleo”, comentou o gestor.

Para o sócio da Encore, o preço do barril de petróleo deve seguir a trajetória de alta, como ocorreu ontem após a reunião da Opec +. Braga se opõe às avaliações de que a desaceleração da economia chinesa vai ser brusca, o que teria um impacto negativo para o crescimento econômico mundial.

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Ele cita ainda o plano norte-americano de investimentos em infraestrutura, anunciado pelo Governo Biden, como um ponto de atenção na análise sobre o mercado de commodities, principalmente seus potenciais efeitos nos preços de aços longos.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.