Por Gino Matos para Mercado Bitcoin
São Paulo - Recentemente, a empresa canadense Tokens.com, que investe no mercado financeiro descentralizado, comprou um terreno no metaverso Decentraland, por US$ 2,5 milhões. A ideia é construir no espaço um empreendimento no chamado “Distrito da Moda” do jogo na plataforma, em uma área equivalente a 1,3 quadra de basquete.
Na mesma época, um terreno do jogo Axie Infinity foi vendido por US$ 2,4 milhões a um investidor identificado como ArcaChemist. Esses dois movimentos de aquisição de terrenos virtuais são um sinal do potencial do metaverso nesse mercado.
“Ser dono de um terreno que tem o fluxo de milhões de pessoas, com alto grau de diversidade, é um forte apelo comercial para quem busca maior exposição da marca, serviço ou produto”, avalia Yulgan Lira, fundador e CEO da Colb, empresa sediada na Suíça focada na tokenização de ativos financeiros.
Lira afirma que, dependendo da empresa, o fato de o movimento no ambiente ser 100% de avatares virtuais não faz diferença. O interesse na propriedade digital é o fator determinante do sucesso da venda no metaverso.
Isso porque a blockchain cria uma ponte que transfere experiências do mundo real para o digital: o conceito de posse. “O metaverso deve potencializar as possibilidades e acelerar o processo de digitalização da sociedade.”
Mercado de US$ 1 trilhão
Do ponto de vista dos investidores, tornar-se dono de um bem imobiliário no mundo digital pode criar uma oportunidade de ganho. A gestora americana de ativos digitais Grayscale avaliou que o mercado relacionado aos metaversos tem atualmente valor estimado em US$ 1 trilhão, muito impulsionado pela decisão do Facebook em mudar o nome de sua controladora para Meta, em alusão a esse ambiente.
O cofundador do site sobre finanças descentralizadas Portal DeFi e investidor com experiência no setor, que prefere ser chamado apenas de Luis, compartilha desse ponto de vista. Diz que a presença de pessoas na forma de avatares no mundo virtual atrairá cada vez mais a atenção de empresas para o metaverso, valorizando os terrenos negociados nesse ambiente.
“Colecionar terrenos, personagens de jogos e itens de projetos em estágio iniciais são uma ótima forma de se preparar para um momento de maior adoção no futuro, principalmente em blockchains onde há movimentação mais elevada de dinheiro, como o Ethereum”, diz Luis.
Ele ressalta que uma das vantagens do metaverso é que esse mundo torna global e sem a interferência de terceiros um mercado já muito populoso atualmente: o de itens em jogos. O investidor e cofundador do Portal DeFi acredita que há espaço para investidores do varejo.
“Existem as rodadas de investimento privado, para grandes participantes, mas há também as públicas, onde é possível adquirir NFTs de terrenos a partir de R$ 2 mil. Sem dizer dos marketplaces de tokens não fungíveis, onde a demanda dita o preço”, explica Luis.
Lira, da Colb, também acredita no valor de mercado dado pela Grayscale, citando novamente o conceito de propriedade como principal catalisador do crescimento desse mercado. “Com a chegada da blockchain, ‘ter’ também se tornou possível no mundo digital, que é mais aberto, livre e acessível. As possibilidades agora são imprevisíveis e irreversíveis.”