Mercados trabalham voláteis antes de dados sobre emprego nos EUA

Investidores esperam que indicadores dêem pistas de como o Fed calibrará sua política monetária; futuros de índices recuam em Wall Street e bolsas europeias oscilam entre o positivo e o negativo

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Barcelona, Espanha — O mercado encerra uma semana “selvagem”, de muito sobe e desce, de olho nos dados sobre o emprego nos Estados Unidos que saem hoje. O informe se publica a menos de duas semanas da reunião do Federal Reserve (Fed), cujo presidente, Jerome Powell, provocou alvoroço no mundo financeiro com a mudança de tom do seu discurso sobre a política monetária do banco central.

Nesta manhã, depois de uma abertura positiva, as bolsas europeias passaram a alternar entre a alta e a baixa. A queda das ações de mineradoras e bancos se contrasta com a valorização dos papéis de empresas do setor elétrico. Já os futuros de índices em Wall Street, pareciam querer inclinar-se ao campo negativo.

Os dados sobre o emprego nos EUA são vitais para a tomada de decisões porque indicarão ao Fed que rumo seguir: por um caminho onde o controle da inflação se dará com um aperto monetário ou por uma senda mais branda, como já vinha sendo sinalizada pelo banco central, sobretudo agora que a variante ômicron turva o cenário.

Não é por acaso que o mercado está tão volátil: muita coisa mudou – e repentinamente – na conjuntura mundial. Há muita incerteza sobre como o surto de ômicron afetará a reabertura econômica global e pouco se sabe sobre a eficácia das atuais vacinas contra a nova variante ômicron.

Além disso, Powell, que vinha tratando a escalada dos preços como algo “transitório”, riscou esta palavra de seu vocabulário e agora parece colocar a inflação no centro das prioridades do Fed. Embora ainda não se saiba o quão radical seria o giro da política monetária, a mudança de tom difere do que vinha sendo transmitido nos últimos anos. Investidores agora se encontram à mercê de relatórios econômicos e de indicações de como a economia reagirá ao quadro de inflação crescente e restrições impostas pela última variante do coronavírus.

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Emprego nos EUA x “tapering”

A expectativa geral é de um crescimento consistente na oferta de vagas nos EUA, de 550.000 nas folhas de pagamento não agrícolas, segundo levantamento da Bloomberg. Alguns analistas preveem que a taxa de desemprego poderia cair a mínimos pós-pandêmicos, de aproximadamente 4,4%.

Confirmadas as expectativas de um mercado de trabalho forte, o Fed pode estar mais à vontade para acelerar o fim do programa de compra de ativos criado para estimular a economia. Um “tapering” mais rápido abre a porta para uma antecipação de uma alta dos juros, avaliam os operadores, que estavam quase desistindo das apostas de aperto monetário com o surgimento da variante ômicron.

Parte desta previsão é amparada por outros dados de emprego divulgados esta semana. A folha de pagamento das empresas aumentou em 534 mil no mês passado, após um ganho de 570 mil em outubro, de acordo com dados do instituto de pesquisa ADP, superando os 525 mil esperados pelos economistas.

Enquanto isso, no BCE...

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, disse que a perspectiva de um aumento das taxas de juros no ano que vem é improvável, mas destacou que vai agir rápido para combater a inflação elevada caso seja necessário. “Quando as condições de nossa orientação futura forem cumpridas, não hesitaremos em agir”, disse Lagarde à Reuters em entrevista por webcast hoje.

Lagarde descreveu o atual aumento dos preços como temporário e disse que não é apropriado comparar a Europa com os Estados Unidos. A inflação deve se desacelerar no próximo ano, prevê Lagarde, quando o impacto de um corte de impostos sobre vendas na Alemanha em 2020 diminuir e a pressão sobre os custos de energia perder força. “Uma corcova no fim desce e é isso que projetamos para 2022″, disse Lagarde. “Acreditamos que agora estamos no nível alto da corcova, e que começará a declinar.”

Na agenda

No Brasil:

  • Dados da produção industrial

No exterior:

  • Relatório de empregos nos EUA, pedidos de fábricas, bens duráveis
  • Vendas no varejo da zona do euro

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-- Com informações de Bloomberg News