Bloomberg — A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, disse que a perspectiva de um aumento das taxas de juros no ano que vem é improvável, mas destacou que vai agir rápido para combater a inflação elevada caso seja necessário.
“Quando as condições de nossa orientação futura forem cumpridas, não hesitaremos em agir”, disse Lagarde à Reuters em entrevista por webcast na sexta-feira.
Relatórios mostraram que os preços ao consumidor da zona do euro subiram 4,9% em novembro - o ritmo mais rápido desde que a moeda comum foi criada - e avançaram ainda mais rápido, para 6%, na Alemanha, um país avesso à inflação.
Os comentários de Lagarde também vêm na esteira de um tom mais “hawkish” do presidente do Federal Reserve, que sinalizou aperto monetário. Nesta semana, Jerome Powell sugeriu que a palavra “transitória” não deveria mais ser usada para descrever o cenário atual de inflação.
Na sexta-feira, Lagarde descreveu o atual aumento dos preços como temporário e disse que não é apropriado comparar a Europa com os Estados Unidos. A inflação deve se desacelerar no próximo ano, prevê Lagarde, quando o impacto de um corte de impostos sobre vendas na Alemanha em 2020 diminuir e a pressão sobre os custos de energia perder força.
“Uma corcova no fim desce, e é isso que projetamos para 2022”, disse Lagarde. “Acreditamos que agora estamos no nível alto da corcova, e que começará a declinar.”
Ainda assim, apesar da fala de Lagarde, os mercados monetários anteciparam apostas para um aumento dos juros de 10 pontos-base pelo BCE de fevereiro de 2023 para dezembro de 2022.
Em outra entrevista, Klaas Knot, membro do conselho do BCE, disse ao jornal holandês De Financieele Dagblad que não descarta uma elevação dos juros em 2023.
Com o aumento dos juros ainda um pouco distante, o foco de curto prazo está na reunião do BCE em 16 de dezembro, que deve determinar o futuro das medidas de estímulo e apresentar projeções atualizadas de crescimento econômico e inflação.
As compras líquidas sob o principal programa de compra de títulos da pandemia de 1,85 trilhão de euros (US$ 2,1 trilhões) do banco, conhecido como PEPP, devem ser encerradas no fim de março, um cronograma que Lagarde disse permanecer em vigor nas condições atuais.
A questão é o que acontecerá com o outro programa de compra de ativos quando o PEPP terminar - especialmente com as implicações econômicas e de saúde relacionadas à variante ômicron do coronavírus, ainda desconhecidas.
Devido à incerteza, Lagarde disse que prefere não assumir compromissos de longo prazo.
“Precisamos proporcionar clareza porque, do contrário, apenas adicionamos incerteza à incerteza”, afirmou. “Existem maneiras de proporcionar clareza sem assumir um compromisso de longo prazo.”
Veja mais em bloomberg.com
Leia também
Por que a Taesa vai usar influencers para se aproximar das pessoas físicas da bolsa