Gráfico do dia: investidores não esperam mais pelos estímulos do Fed

Boas notícias para a economia não assustam mais o mercado de ações, já que investidores pararam de temer o fim dos estímulos do banco central americano

Durante a pandemia, os investidores consideravam as más notícias econômicas como boas para os preços das ações
Por Kriti Gupta
03 de Dezembro, 2021 | 12:13 PM

Bloomberg — O resultado frustrante para o mercado de trabalho dos EUA em novembro elevou os futuros de ações no pré-mercado, uma reversão de uma tendência de meses em que os investidores agora negociam com base em fundamentos econômicos, em vez de perspectivas de estímulo econômico do Federal Reserve.

O Gráfico do Dia de hoje mostra o forte contraste com a tendência da era da pandemia, em que os investidores consideravam as más notícias econômicas como boas para os preços das ações. Após uma quantidade sem precedentes de compras de ativos pelo Fed e taxas de juros próximas a zero, o dinheiro fácil empurrou os spreads de crédito para baixas recordes e o mercado de ações dos EUA para recordes.

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Surpresas econômicas e o S&P 500 voltaram a ficar positivamente correlatos

Qualquer coisa que ameaçasse essa dinâmica - por exemplo, dados econômicos positivos sugerindo que a economia pode não precisar de tanto apoio - assustava o mercado de ações, já que os investidores temiam que isso assinalasse o fim da assistência do banco central.

A correlação de 60 dias entre os futuros do S&P 500 e o Citi Economic Surprise Index, que compara a divulgação de dados atuais com as expectativas do mercado, foi amplamente negativa durante a pandemia. Isso começou a mudar nos últimos meses, com o relacionamento se tornando positivo. Por quê? Por causa da inflação.

Boas notícias são boas notícias

A demanda do consumidor e um mercado de trabalho em recuperação não são mais a questão principal. Em vez disso, a questão é quanto as indústrias americanas podem atender à demanda.

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A cadeia de suprimentos, o aumento dos preços das commodities e as variantes emergentes da Covid-19 elevaram a inflação ao máximo em mais de uma década. Foi isso, inclusive, que fez o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, a remover a palavra “transitório” do vocabulário recente, um reconhecimento de que o aumento dos preços parece ser persistente e deve ser tratado.

O presidente do Fed também colocou um ritmo mais rápido de redução das compras de títulos do banco central.

O relatório da folha de pagamento de novembro representa o primeiro teste desse pivô. As folhas de pagamento não agrícolas tiveram uma alta de 210 mil no mês passado. O consenso entre economistas consultados pela Bloomberg News era de 550.000.

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Spread entre contratos futuros e rendimento de títulos de dois anos volta a subir

A escala do fracasso pegou os investidores desprevenidos, especialmente porque novembro é um mês historicamente forte para o mercado de trabalho. Assim, os futuros do S&P 500 e os rendimentos do Tesouro de dois anos divergiram. Talvez uma má notícia para a economia ainda seja uma boa notícia para o mercado de ações, apesar das intenções do Fed.

--Com a colaboração de Daniel Curtis

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