EUA: Força do mercado de trabalho pode sucumbir ao avanço da ômicron

Oferta de mão de obra está em patamares baixos, e nova variante do coronavírus pode piorar a situação

Oferta de salários mais altos e bônus atraiu alguns trabalhadores, mas a oferta ainda segue baixa
Por Molly Smith
02 de Dezembro, 2021 | 07:56 PM

Bloomberg — O crescimento dos empregos nos Estados Unidos deve superar meio milhão pelo segundo mês seguido em novembro, embora a nova variante de coronavírus ameace esse impulso afastando os candidatos por mais tempo.

A projeção média de uma pesquisa da Bloomberg com economistas é de um aumento de 546 mil na folha de pagamento – valor máximo desde o aumento de mais de 1 milhão em julho – e de uma leve queda na taxa de desemprego, que deve chegar a 4,5%. Embora o mercado de trabalho esteja começando a crescer, a oferta de mão de obra continua bem aquém da demanda.

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Os números de novembro podem ser essenciais para determinar se as autoridades do Federal Reserve decidirão acelerar a redução do auxílio emergencial devido à pandemia – possibilidade sinalizada pelo presidente Jerome Powell em audiências no Congresso esta semana – para ajudar a conter a inflação mais galopante em décadas.

Um novo aumento nas taxas de infecção e a disseminação da variante ômicron podem manter a participação da força de trabalho em níveis já bastante baixos.

“Se houver outra surpresa positiva, isso poderia favorecer um tapering mais rápido”, disse Sarah House, economista sênior da Wells Fargo. “No entanto, a ômicron é realmente imprevisível. Mesmo se o relatório de emprego for muito sólido, essa variante pode ofuscá-lo e obrigar o Fed a fazer uma pausa”.

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Participação da força de trabalho nos EUA permanece abaixo dos níveis pré-pandemia

Os empregadores tentaram atrair os norte-americanos com salários mais altos e bônus. Apesar do sucesso na decisão, milhões de pessoas continuam fora do mercado de trabalho.

O medo de contrair o vírus, apesar das altas taxas de vacinação, continua sendo um obstáculo real para muitos. A falta de creches acessíveis também atrapalhou os pais que trabalham, e os surtos de Covid continuam a afetando o aprendizado presencial em algumas escolas.

Além disso, trilhões de dólares em auxílios do governo permitiram que que muitos tivessem mais liberdade ao procurar emprego, ao passo que milhões de norte-americanos se aposentaram no início da pandemia com suas economias.

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Já que os empregadores estão desesperados para contratar, é improvável que uma nova onda do vírus reduza a demanda por trabalho, disse Veronica Clark, economista do Citigroup. Porém, pode afetar a oferta de mão de obra, mas em pequena escala, disse.

O nível de pedidos de auxílio-desemprego está próximo do mínimo em toda a pandemia e aponta para a recuperação contínua do mercado de trabalho. Um relatório na quinta-feira (2) constatou que os pedidos de auxílio-desemprego aumentaram menos que o previsto na semana passada, mas as dificuldades para o ajuste sazonal provavelmente persistirão no próximo ano, dificultando a interpretação dos números.

O que diz a Bloomberg Economics

“O ritmo de crescimento dos empregos em novembro provavelmente aumentará em relação aos sólidos números de outubro, pois o número de casos caiu ainda mais durante a semana de referência. O aumento nos salários também poderia ter atraído mais trabalhadores, já que muitos programas de auxílio do governo devido à pandemia acabaram e a inflação começou a corroer as economias”.

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-- Anna Wong, Andrew Husby e Eliza Winger, economistas

Os empregadores dos EUA adicionaram 531 mil pessoas às folhas de pagamento em outubro, após grandes aumentos nos dois meses anteriores, indicando maior progresso para preencher as vagas com a redução dos efeitos da variante delta. Um relatório divulgado na quarta-feira (1) mostrou que as folhas de pagamento privadas aumentaram 534 mil em novembro, segundo o ADP Research Institute.

Há motivos para otimismo de que o relatório de empregos do governo pode contribuir para o aumento das contratações. Os salários estão subindo no ritmo mais rápido já registrado, incentivando um número recorde de norte-americanos a pedir demissão de seus empregos em setembro em busca de remuneração mais alta. Com o rápido aumento do custo de vida, muitos não podem se dar ao luxo de ficar às margens.

No entanto, a obrigatoriedade da vacina podem desencorajar mais norte-americanos de trabalhar nos próximos meses, o que restringiria ainda mais a oferta de mão de obra, de acordo com Andrew Hunter, economista sênior para os EUA da Capital Economics, As rígidas condições de trabalho manterão os salários mais altos, o que, por sua vez, obrigará as empresas a cobrar mais dos consumidores por bens e serviços, disse em nota.

“A menos que o crescimento da produtividade estabeleça uma recuperação acentuada, isso continuará gerando uma inflação mais alta nos preços”, disse Hunter.

--Com assistência de Reade Pickert.

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