Bolsas operam voláteis, com NY e Europa em rumos opostos

Bolsas europeias se ajustam às perdas de ontem em Wall Street, enquanto futuros de índices em Wall Street sobem

As variáveis que orientarão os mercados internacionais
02 de Dezembro, 2021 | 08:16 AM

Barcelona, Espanha — A volatilidade continua dando o tom nos mercados, que tem oscilado ao sabor das notícias sobre a nova variante da Covid-19. Instantes atrás, os futuros de índices em Wall Street subiam, enquanto todas as bolsas europeias declinavam, numa tentativa de se ajustarem ao fechamento de ontem em Nova York.

O setor tecnológico é um dos que freiam a performance das bolsas com a notícia de que a Apple Inc. alertou os fornecedores de componentes sobre a diminuição da demanda por sua linha de produtos iPhone 13. As ações de viagens também se destacam pelo mau desempenho, pois a variante omicron continuou a aparecer em países ao redor do mundo, incluindo os EUA, Noruega, Irlanda e Coréia do Sul.

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De fato, o mercado orbita sobretudo em torno do noticiário sobre a ômicron. Ontem, as praças europeias permaneceram no azul durante toda a jornada, com o Stoxx 600 subindo 1,71%, seu melhor rendimento diário desde maio. Mas as bolsas norte-americanas mudaram bruscamente de rumo e fecharam com forte queda, o que criou uma boa oportunidade hoje para as compras. O S&P 500, que havia atingido um máximo de +1,88% durante o dia, terminou com perda de 1,18%. O Nasdaq caiu 1,34% e o Dow, 1,34%. A reviravolta foi provocada pela divulgação do primeiro caso de contágio pela ômicron nos Estados Unidos, uma reação exagerada ante um evento previsível.

Um panorama dos principais mercados

Leia também o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Ômicron ameaça produção manufatureira global

Na balança

Estes são os itens que tendem a ser vistos como positivos e negativos.

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➖ Restrições impostas por vários países, sobretudo em viagens. O presidente Joe Biden deve divulgar novos requisitos para os viajantes que chegarem aos EUA. A França exigirá dos visitantes de fora da União Europeia um teste negativo, independente de seu status de vacinação. A Comissão da União Europeia fala em iniciar debates sobre a vacinação obrigatória, tema que encontra eco na chanceler alemã Angela Merkel.

➕➖ Os claros sinais do Federal Reserve (Fed) de que o programa de estímulo monetário está terminando pode ser encarado de duas maneiras pelo setor de renda variável. Por um lado, sinaliza que o Fed está atento à necessidade de controlar a escalada de preços e dá mais previsibilidade ao mercado. Por outro, deixa aberta a porta para um aumento dos juros, o que favorece os ativos de renda fixa.

➕ As notícias sobre a ômicron ainda são incertas e desencontradas, mas ajudou na confiança dos investidores a opinião do cientista chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que as vacinas seguirão protegendo contra casos graves da doença, como o que aconteceu com outras variantes. Além disso, GlaxoSmithKline Plc disse que seu tratamento com anticorpos Covid-19 parece ser eficaz contra a nova variante.

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➕ De resto, apesar da ômicron e da inflação ao redor do globo, o mercado tem acompanhado a divulgação de dados macroeconômicos sólidos, com destaque para emprego e produção nos EUA. A economia americana cresceu a um ritmo modesto a moderado até meados de novembro, reconheceu ontem o Fed no seu Livro Bege. A dúvida é saber se a nova variante muda o cenário de recuperação.

Na agenda

No Brasil:

  • PIB do 3º trimestre e Caged
  • Dados da produção industrial na sexta (3)

No exterior:

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  • Países aliados da Opep podem reavaliar planos para retomar o abastecimento de petróleo
  • Pedidos iniciais de seguro-desemprego nos EUA
  • Relatório de empregos nos EUA, pedidos de fábricas, bens duráveis, sexta-feira (3)

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-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.