Passageiros esperam até o último minuto para reservar voos, dizem aéreas

Reservas relatadas por executivos do setor repetem tendência observada durante a pandemia e que voltaram com variante

Por

Bloomberg — Os viajantes estão esperando mais para comprar passagens aéreas, tornando mais difícil para as companhias aéreas avaliar a demanda no curto prazo, disseram executivos de companhias europeias à Bloomberg News.

As reservas relatadas pelo presidente da Wizz Air, Robert Carey, e pelo diretor executivo da EasyJet, Johan Lundgren, mostram uma tendência observada em toda a pandemia Covid-19, que se intensifica com a nova variante ômicron.

Os passageiros ficam avaliando se serão capazes de viajar por conta das restrições de fronteira, disse Carey no Festival Mundial de Aviação em Londres nesta quarta-feira (1).

“Estão reservando cada vez mais perto da data”, disse Carey. “Cada semana parece que fica um dia mais perto da partida.”

A ômicron levou menos de uma semana para colocar em xeque a recuperação das viagens, que vinha ganhando certa estabilidade nos últimos meses. Os governos estão dificultando a passagem pelas fronteiras novamente, com novas regras rapidamente entrando em vigor.

A União Europeia, por exemplo, propôs aos Estados membros revisar as restrições essenciais a viagens todos os dias, com o objetivo de implementar uma estratégia coordenada para manter a variante ômicron fora do bloco.

“A última rodada de restrições em todo o mundo foi descoordenada e inconsistente, o que tornou as viagens de final de ano mais complicadas para as companhias aéreas e para os passageiros”, disse o ex-CEO da British Airways, Alex Cruz. Embora as operadoras “possam se adaptar rapidamente às reações automáticas, ainda é um golpe para a recuperação que estava apenas começando”.

Sinais diferentes

Os executivos das companhias aéreas estão se esforçando para entender as consequências para as viagens - mesmo enquanto os cientistas ainda buscam estabelecer a potência da nova variante, sua transmissibilidade e resistência às vacinas.

Operadoras como a EasyJet disseram não ver uma redução na demanda até o final do ano, mas afirmam que o impacto é apenas temporário.

Veja mais: Aeroporto de Guarulhos perdeu quase R$ 800 mi com pandemia, diz Anac

“As pessoas querem saber o que há de mais recente em termos de restrições e o que pode acontecer”, disse Lundgren no evento em Londres. Dito isso, há “sinais muito encorajadores para o próximo verão”.

Os voos internacionais estão tendo um impacto maior até agora, já que as companhias aéreas dos EUA, como a JetBlue, focada no enorme mercado doméstico, não relataram nenhuma grande mudança na demanda.

As ações das companhias aéreas têm oscilado desde o final da semana passada com os desenvolvimentos ligados à ômicron, com companhias aéreas europeias como a Air France-KLM, Deutsche Lufthansa AG e a proprietária da British Airways, IAG SA, subindo na quarta-feira.

Pode piorar

O revés para as viagens aéreas internacionais está prestes a se aprofundar com os EUA, Europa e Japão sinalizando mais restrições nas fronteiras.

O Japão pediu às companhias aéreas que parem de fazer novas reservas para o mês de dezembro. Já as viagens com passagens compradas anteriormente podem prosseguir, dependendo dos desenvolvimentos da ômicron.

Enquanto isso, os EUA estão prestes a exigir que os passageiros que chegam no país mostrem um teste de Covid negativo feito um dia antes da partida, em vez dos três dias atuais.

A França exigirá testes negativos da Covid para visitantes de fora da UE - potencialmente obstruindo o trânsito através do Canal da Mancha - enquanto a AFP relatou que o país planeja suspender a proibição de viagens de países do sul da África a partir de sábado.

“É muito cedo para dizer neste momento se teremos um impacto ou não”, disse o CEO da JetBlue, Robin Hayes, em uma entrevista à Bloomberg TV. Com os EUA saindo de um agitado fim de semana de feriado de Ação de Graças, voos e reservas continuam robustos, disse ele.

Veja mais: Número de vistos de trabalho nos EUA tem a maior queda em dez anos

No entanto, acrescentou Hayes, a JetBlue observou um maior interesse em produtos flexíveis, como passagens sem taxas de alteração ou cancelamento, bem como seguro de viagem. A operadora de descontos com sede em Nova York está observando tempos de espera mais longos nas linhas telefônicas e procura contratar centenas de pessoas para resolver o problema, disse ele.

Cada nova variante da Covid provavelmente causará menos impacto na demanda do que a anterior, embora a ômicron provavelmente diminuirá as vendas de curto prazo, previu o CEO da United Airlines, Scott Kirby, em entrevista à Bloomberg News.

“Minha sensação inicial é que aqui nos EUA ainda estamos no caminho da recuperação e da normalidade”, disse. “Acho que nós, como sociedade, estamos enfrentando o fato de que a Covid é endêmica, o que significa que teremos que conviver e nos acostumar a conviver com isso.”

Leia também

Aeroporto de Guarulhos perdeu quase R$ 800 mi com pandemia, diz Anac

10 cidades mais caras do mundo para se morar agora