Bloomberg — A indústria siderúrgica global poderia eliminar as emissões de gases de efeito estufa até 2050 com o aumento da reciclagem, usando hidrogênio como combustível e capturando carbono de usinas mais antigas, segundo estudo da BloombergNEF. Mas atingir essa meta não será fácil.
A produção de aço gera cerca de 7% das emissões globais de gases de efeito estufa e alguns processos não podem funcionar facilmente com eletricidade. A mudança para métodos de produção de carbono zero exigirá que a indústria gaste entre US$ 215 bilhões e US$ 278 bilhões em investimentos de capital, de acordo com relatório da unidade de análise e dados de energia da Bloomberg. Ainda assim, o aço fabricado sob tal sistema poderia custar menos do que os preços atuais.
“A indústria do aço tem um caminho desafiador para a descarbonização: depende muito do carvão, tem oportunidades limitadas de aumentar sua participação na produção de reciclado devido à disponibilidade de sucata e precisará esperar que os custos do hidrogênio caiam para realizar uma produção limpa e de custo competitivo”, disseram analistas da BNEF, como Julia Attwood, no relatório.
Cerca de 69% da produção atual é movida a carvão em altos-fornos, de acordo com o relatório. Devido à combinação de preço e resistência, não há substituição óbvia do material para o aço, que tem diversas aplicações, como em edifícios, automóveis, torradeiras e equipamentos médicos.
Os governos precisarão fornecer apoio para ajudar na transição do setor, e os preços do carbono ou subsídios de até US$ 145 por tonelada de dióxido de carbono serão necessários para incentivar as fases iniciais de mudança na próxima década, disse a BNEF. As emissões de gases de efeito estufa do setor são equivalentes a cerca de 2,55 bilhões de toneladas de carbono.
“Uma política robusta é essencial para permitir a descarbonização da indústria do aço”, disse o relatório.
Aço zero líquido
O relatório detalha um caminho para eliminar essas emissões. A reciclagem de sucata de aço em fornos elétricos a arco aumentaria muito, com eletricidade proveniente de fontes renováveis. Para a produção de aço primário, os fornos recém-fabricados seriam capazes de funcionar com hidrogênio retirado da água usando energia renovável. Usinas siderúrgicas que utilizam carvão ou gás podem começar a misturar hidrogênio para ajudar a desenvolver o mercado para o combustível e reduzir o preço. Algumas usinas movidas a carvão existentes seriam equipadas com tecnologia de captura de emissões.
Até 2050, o metal produzido por esse sistema renovado custaria menos do que os preços atuais, de acordo com a BNEF. O preço médio em cinco anos para o aço bruto é de US$ 726 por tonelada, enquanto as tecnologias propostas no relatório poderiam fabricar aço a um custo entre US$ 418 e US$ 598 por tonelada.
“Os caminhos tecnológicos para a descarbonização da indústria estão se tornando claros, há uma política crescente de apoio à descarbonização, a demanda dos clientes por aço verde está emergindo”, disse a BNEF. “Estimamos que 27% da capacidade de aço já está coberta por uma meta corporativa de zero líquido atualmente.”
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