Bloomberg Línea — A variante ômicron, da Covid-19, pode frustrar a expectativa das armadoras quanto à liberação dos cruzeiros internacionais pelo governo federal, assunto pendente de decisão. Com os casos da nova cepa se alastrando pelo mundo e a necessidade de tempo para se cravar se a mutação do novo coronavírus dribla ou não a proteção oferecida pelas vacinas, as autoridades sanitárias estão sendo pressionadas a aumentar o rigor no controle das fronteiras. Atualmente, há 23 navios de luxo e de expedição na América do Sul aguardando o sinal verde para entrar em águas brasileiras, informou a CLIA (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos), nesta terça-feira (30), em nota.
O surgimento da ômicron trouxe um novo contexto para as negociações entre o setor e o governo, visto que ganha força o movimento de países de fecharem suas fronteiras ou elevarem suas restrições, considerando os riscos crescentes de uma nova onda de casos e morte pela Covid-19. Em São Paulo, o governo estadual já cogita até adiar a dispensa de máscara em espaços ao ar livre, prevista para começar no próximo dia 11 de dezembro. Na primeira onda de casos da doença, no ano passado, diversos navios de cruzeiros registraram infecções pelo novo coronavírus pelo mundo.
“A CLIA Brasil continua trabalhando pela aprovação dos cruzeiros internacionais e está confiante de que uma solução positiva seja definida em breve, garantindo que cruzeiristas tenham à sua disposição os roteiros pela América do Sul e que os estrangeiros possam visitar o Brasil por via marítima e fluvial”, diz, em nota.
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A entidade informou que, com a possível autorização, 23 navios de luxo e expedição que, neste momento, navagem pela América do Sul, poderão fazer escalas no Brasil antes de seguirem seus roteiros rumo a outros continentes.
Silver Cloud, Le Lyrial, Le Boreal, entre outros, são os nomes dos navios que podem fazer paradas não só em destinos como Rio de Janeiro, Salvador e Manaus, mas em outros previstos na temporada 2021/2022.
“Se isso [liberação dos cruzeiros internacionais] acontecer, serão quase 7 mil pessoas visitando dezenas de destinos nacionais e contribuindo ainda mais para o impacto positivo esperado pela indústria de cruzeiros para o atual período de navegação”, acrescentou a CLIA.
A entidade estima em R$ 1,7 bilhão o impacto positivo da temporada para a economia brasileira, além da geração de 24 mil empregos. Já a temporada nacional de cruzeiros 2021/2022 iniciou no último dia 5 de novembro, após meses de negociações entre as armadoras e o governo federal. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) foi vista pelas armadoras como excessivamente rigorosa ao demorar em liberar os cruzeiros que atuam apenas no mercado doméstico.
A Anvisa publicou, no mês passado, os procedimentos sanitários para a retomada da navegação pelos navios de cruzeiro. Entre eles, estão:
- Vacinação completa obrigatória para hóspedes e tripulantes (elegíveis dentro do Plano Nacional de Imunização)
- Testagem pré-embarque (PCR até três dias antes ou Antígeno até um dia antes da viagem)
- Testagem frequente de, no mínimo, 10% das pessoas embarcadas e tripulantes
- Ocupação máxima de 75% da capacidade da embarcação
- Distanciamento de 1,5m entre grupos
- Uso obrigatório de máscaras
- Preenchimento de formulário de saúde pessoal (DSV – Declaração de Saúde do Viajante)
- Ar fresco sem recirculação, desinfecção e higienização constantes
- Plano de contingência com corpo médico especialmente treinado e estrutura com todos os recursos para atendimento dos hóspedes e tripulantes
- Medidas de rastreabilidade e comunicação diária com a Anvisa, Municípios e Estados
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