Barcelona, Espanha — Enquanto não houver informações consistentes sobre os efeitos da variante ômicron e a eficácia das vacinas, os mercados ficarão na gangorra. Nesta manhã, tanto as bolsas europeias como os futuros de índices em Nova York exibiam perdas, eclipsando o sentimento de ontem de que a variante não era tão agressiva como se imaginava. Na Ásia, o fechamento foi predominantemente negativo.
A notícia que caiu com maior peso foram as declarações diretor-executivo da farmacêutica Moderna, Stephane Bancel, segundo o qual as vacinas existentes serão menos efetivas contra esta variante do coronavírus.
Em entrevista ao Financial Times, o executivo também afirmou que pode levar meses antes que uma vacina específica para o ômicron esteja disponível em grande escala. Tanto a Moderna como sua homóloga BioNTech estão trabalhando em vacinas adaptadas à nova variante. Ambas sugerem que as injeções podem ficar prontas no começo do ano, mas daí a que ganhem escala, pode demorar um tempo
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No jogo de sobe e desce
Já que o mercado trabalha a modo gangorra, a notícia que o empurra para cima vem de um comentário do presidente dos Estados Unidos Joe Biden. Ele alertou os americanos que a nova variante é motivo de preocupação, mas não de pânico, instou os cidadãos a se vacinarem ou tomarem doses de reforço e destacou que as empresas farmacêuticas estão trabalhando na adaptação de vacinas.
😷 Com a chegada do inverno no hemisfério norte e aumento dos contágios, alguns países europeus decidiram limitar as atividades sociais. Agora, com a descoberta do ômicron e todas as dúvidas em torno da variante, voltaram ao cenário as restrições de voos internacionais.
💸 Se estas medidas agravarem as interrupções na cadeia de abastecimento, podem aumentar as pressões inflacionárias. O próprio presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, expressou estas preocupações. “O recente aumento nos casos de Covid-19 e o surgimento da variante ômicron representam riscos negativos para o emprego e a atividade econômica e aumentam a incerteza para a inflação”, disse. Isso reforça o sentimento do mercado de que o momento para elevar as taxas de juros, como um antídoto para a escalada inflacionária, talvez já não seja adequado.
Em tempo:
- O choque de oferta que contribuiu para elevar a inflação ao maior nível em décadas mostra sinais de alívio nos Estados Unidos, mas ainda piora na Europa. Na zona do euro, o índice de preços ao consumidor se situou acima do esperado, marcando 4,9%, contra estimativas de +4,5% e +4,1% da medição anterior. Marca um novo máximo de série histórica desde 2001, o que torna o cenário para o Banco Central Europeu ainda mais nebuloso e desafiador.
- Na China, os dados oficiais do PMI de novembro foram mais fortes do que o esperado, com um índice para o setor manufatureiro de 50,1 (49,7 de consenso frente a 49,2 anterior). O PMI não manufatureiro atingiu 52,3, comparado às estimativas de 51,5 dos analistas e à leitura anterior de 52,4.
- O rendimento dos títulos do Tesouro norte-americanos de 10 anos caem 6 pontos, para 1,44%, abaixo dos níveis alcançados na sexta-feira, quando os temores em relação ao “efeito ômicron” sacudiram pela primeira vez os mercados. O dólar perde força, já que os operadores agora apostam que o Fed possa manter os estímulos monetários por um pouco mais de tempo.
Na agenda
No Brasil:
- PNAD Contínua do IBGE
- PEC dos Precatórios prevista para ser votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na quarta (1º de dezembro). Se isso ocorrer, pode ir ao plenário no mesmo dia. Em Brasília, as apostas são de alterações significativas no texto-base, o que deve fazer a PEC voltar à Câmara.
- PIB do 3º trimestre e Caged na quinta (2)
- Dados da produção industrial na sexta (3)
No exterior:
- O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, participa de audiência no Comitê Bancário do Senado ao lado da secretária do Tesouro, Janet Yellen, nesta terça-feira (30). Eles devem falar novamente no dia seguinte no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara- Índice de Confiança do Consumidor dos EUA do Conference Board, hoje
- PMI da China, hoje
- Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da zona do euro, hoje- Dados de novembro sobre o desemprego na Alemanha, hoje
- PMI de manufatura da zona do euro, amanhã (1)
- Gastos com construção nos EUA, ISM Manufacturing, Livro Bege do Fed, amanhã (1)
- OPEP, aliados podem reavaliar planos para retomar o abastecimento de petróleo, quinta-feira (2)
- Pedidos iniciais de seguro-desemprego nos EUA, quinta-feira (2)
- Relatório de empregos nos EUA, pedidos de fábricas, bens duráveis, sexta-feira (3)
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-- Com informações de Bloomberg News