Inflação da zona do euro supera todas as projeções com recorde de 4,9%

Prevendo pico, autoridades do BCE redobraram os esforços para tranquilizar cidadãos alegando que é temporário

Pressões sobre os preços podem demorar mais para diminuir
Por Jana Randow
30 de Novembro, 2021 | 11:14 AM

Bloomberg — A inflação na zona do euro atingiu um recorde desde o início da era da moeda única e superou todas as previsões, trazendo um desafio adicional ao Banco Central Europeu, antes de uma reunião crucial sobre o futuro do estímulo monetário, que será no próximo mês.

Os preços ao consumidor subiram 4,9% ao ano em novembro, superando todas as 40 previsões de uma pesquisa da Bloomberg com economistas, onde a mediana era de 4,5%. Uma medida que não leva em conta componentes voláteis, como alimentos e energia, também atingiu um recorde. Os mercados de títulos e o euro mudaram pouco após a publicação dos dados.

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Prevendo um pico na inflação este mês, as autoridades do BCE redobraram os esforços nos últimos dias para tranquilizar os cidadãos de que a pressão que eles estão enfrentando no custo de vida não vai perdurar, pois é impulsionada pelo custo da energia e por uma série de fatores isolados.

Enquanto a presidente Christine Lagarde segue esse roteiro, alguns colegas alertam que as pressões sobre os preços podem demorar mais para diminuir, alimentando especulações sobre o futuro da política monetária.

Em uma reunião de 16 de dezembro, o Conselho do BCE deve anunciar o fim de seu plano pandêmico de compra de títulos e delinear como as compras regulares e as taxas de juros se desenvolverão à medida que a economia continua a se recuperar.

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O que dizem os analistas da Bloomberg

“Embora os custos de energia e os efeitos estatísticos possam explicar a maior parte do salto deste mês, a leitura de hoje também revelou uma pressão subjacente mais forte do que o previsto. Isso aumentará a preocupação sobre os riscos de alta no horizonte, mas o BCE ainda deve ver a inflação cair abaixo de 2% no final do próximo ano. "

-Maeva Cousin, economista sênior da área do euro.

A pressão por uma saída mais rápida provavelmente virá da Alemanha, onde a inflação atingiu 6% neste mês, a mais rápida desde o início dos anos 1990. O presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, que deixará o cargo no final do ano, já fez o alerta, dizendo que é possível que o ritmo da zona do euro permaneça acima da meta de 2% do BCE no médio prazo.

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Sua contraparte na Espanha, Pablo Hernandez de Cos, está alertando contra uma retirada prematura de suporte. Na segunda-feira (29), depois que os dados mostraram uma taxa nacional de 5,6% - também a mais alta em quase três décadas - ele argumentou que não há razão para se apressar em interromper as compras de títulos, uma vez que as pressões sobre os preços irão diminuir “muito significativamente” no segundo trimestre.

As projeções atualizadas para o crescimento e a inflação guiarão a decisão do BCE. Em setembro, as projeções apontavam a inflação recuando para 1,5% em 2023. Se e como isso vai mudar é um tanto incerto, depois que o súbito surgimento da cepa de coronavírus, ômicron, potencialmente mais infecciosa do que as variantes conhecidas anteriormente, aumentou o risco de novas restrições.

O aumento de casos nas últimas semanas já levaram a Holanda e a Alemanha a impor novas restrições. A Áustria e a Eslováquia entraram em lockdown. Se replicadas em outros lugares, tais medidas podem pesar na produção e ampliar gargalos da cadeia de abastecimento já sem precedentes.

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O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, questiona se o arrocho atual pode durar mais do que o esperado. “Há o risco de que a inflação não caia tão rapidamente e tanto quanto previmos”, disse ele ao Les Echos, em uma entrevista publicada na terça-feira (30).

Após a divulgação dos dados de inflação, os rendimentos alemães a 10 anos permaneceram mais baixos, caindo três pontos base para menos 0,35%. Os mercados monetários continuam esperando a primeira elevação de juros pelo BCE em 2023.

(Com a colaboração de Kristian Siedenburg, Harumi Ichikura e James Hirai)

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