Cyber Monday decepciona com pouco estoque e promoções ruins

As grandes liquidações do ano vêm perdendo sua proeminência conforme clientes distribuem seus gastos ao longo do ano

Gastos on-line dos EUA no mês de novembro aumentaram
Por Spencer Soper
30 de Novembro, 2021 | 04:17 PM

Bloomberg — O faturamento da Cyber Monday ficou aquém das estimativas e não bateu o recorde do ano passado, já que as vendas fracas e o estoque escasso impediram os clientes de abrir as carteiras durante o início da temporada de compras de fim de ano.

Os consumidores dos Estados Unidos gastaram US$ 10,7 bilhões na Cyber Monday, segundo a Adobe – menos que os US$ 10,8 bilhões do ano anterior e aquém da estimativa da Adobe de US$ 11,3 bilhões. No entanto, a empresa afirmou que a data segue sendo o maior dia de compras do ano. Os consumidores gastaram US$ 12 milhões por minuto enquanto as caixas registradoras trabalhavam.

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“Isso reafirma que muitos consumidores saciaram seu desejo por compras no início da temporada”, disse Vivek Pandya, analista-chefe da Adobe Digital Insights.

Os grandes sucessos incluíram bonecas, conjuntos de Lego e brinquedos da franquia Star Wars. Os descontos foram fracos em comparação com o ano anterior; por exemplo, os eletrônicos tiveram descontos médios de cerca de 12% em comparação com 27% no ano passado, de acordo com a Adobe, que monitora 1 trilhão de visitas a sites de varejo e monitora as vendas de mais de 100 milhões de produtos.

Os gargalos no transporte e na cadeia de suprimentos também está causando problemas para os clientes. A ocorrência de alertas de produtos fora de estoque aumentou 169% em comparação com janeiro de 2020 e 258% em comparação com novembro de 2019, disse a Adobe.

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Os dias de grandes promoções, como a Black Friday e a Cyber Monday, vêm perdendo gradativamente sua proeminência à medida que os clientes distribuem seus gastos ao longo do ano. Os gastos da Black Friday de US$ 8,9 bilhões ficaram ligeiramente abaixo dos preços do ano passado, segundo a Adobe. Ainda assim, os gastos on-line dos EUA de 1º de novembro a 28 de novembro aumentaram 13,6% em comparação com o ano passado, somando US$ 99,1 bilhão. O total para novembro e dezembro combinados deve chegar a US$ 207 bilhões – aumento de 10% em relação ao recorde de pandemia do ano passado, disse a Adobe.

Consumidores gastaram US$ 12 milhões por minuto

O aumento geral de gastos é uma boa notícia para os comerciantes que vendem na Amazon.com desde que tenham o estoque nos EUA a tempo. Alguns agregadores da Amazon – empresas que arrecadam dinheiro para comprar e investir em marcas populares da Amazon – declararam que as vendas aumentaram até 50% em relação ao ano anterior para produtos que são bons presentes e estão em estoque.

“Esta é uma temporada decisiva para agregadores e quem tiver estoque vai vencer”, disse Walter González, CEO da GOJA, empresa com sede em Miami que vende vários produtos na Amazon, incluindo um kit de moldagem de gesso para fazer estátuas das próprias mãos.

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O Branded Group, que vende mais de 40 marcas de artigos para casa, cuidados pessoais e lazer na Amazon e levantou US$ 225 milhões para se expandir, está vendendo cerca de 50% mais produtos do que há um ano, disse o cofundador e CEO Pierre Poignant. Os mais vendidos da empresa incluem um saca-rolas em formato de morcego.

“Os produtos de cozinha têm boa saída”, disse. “Fizemos investimentos para garantir que tínhamos estoque suficiente para o fim de ano”.

A mudança das compras de lojas físicas para os sites – que acelerou durante a pandemia – tornou a temporada de compras de fim de ano entediante, disse Juozas Kaziukenas, fundador e CEO do Marketplace Pulse, que monitora vendas on-line.

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“A Black Friday nas lojas físicas tinha uma aura de loucura porque as pessoas brigavam e acampavam do lado de fora”, disse. “Agora que as coisas são on-line, não é mais emocionante”.

--Com assistência de Michael Tobin.

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