Mercados sobem nos EUA e na Europa e têm como missão reformular apostas

Investidores relativizam gravidade da nova cepa da Covid-19, mas também reconsideram possibilidade de aperto monetário no curto prazo

As variáveis que orientarão os mercados internacionais
29 de Novembro, 2021 | 08:42 AM

Barcelona, Espanha — Depois da jornada “selvagem” na sexta-feira, com as bolsas mundiais derretendo em virtude da Ômicron, os mercados iniciam a semana no positivo. A expectativa de que as atuais vacinas podem ser adaptadas à nova variante do coronavírus, aliada aos relatos de que seus sintomas são mais suaves do que os de cepas anteriores, ajuda o mercado a recuperar a razão.

Nesta manhã, tanto as bolsas europeias como os contratos futuros de índices em Wall Street trabalham em alta. A Ásia terminou no vermelho, ecoando o fechamento da semana nos demais mercados. As ações da Moderna saltaram 11% nas negociações de pré-mercado dos EUA depois que a empresa disse que uma nova vacina para combater a cepa Ômicron poderia estar pronta no início de 2022, se necessário.

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Na sexta-feira, o mercado viveu momentos de pânico e fechou com forte queda: em Nova York, o S&P 500 caiu 2,27%, na maior desvalorização desde outubro de 2020. Já o europeu Stoxx 600 despencou nada menos que 3,67%, a pior queda diária desde a aparição da Covid-19 “original”, em março de 2020.

Leia também o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Qual país foi mais resiliente à Covid-19?

Mercado está repensando estratégias e calibrando apostas

Novas peças no quebra-cabeças

Da noite para o dia, o mercado foi obrigado a repensar sua estratégia e a mudar suas apostas. De um lado, confia que as nações e os laboratórios darão respostas mais rápidas para frear o avanço desta nova variante, embora a Organização Mundial de Saúde tenha dito que levará algumas semanas para avaliar a gravidade da nova cepa. Por outro, repensa suas projeções sobre um aperto monetário.

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“Só sei que nada sei”

A frase atribuída ao filósofo Sócrates cai como uma luva na situação em que se encontram os investidores. A única certeza é a de que a variante Ômicron ainda é uma incógnita e entender o impacto desta nova cepa na economia será crucial para interpretar a reação do banco central norte-americano – e das demais autoridades monetárias, já que a escalada inflacionária se tornou um problema mundial.

Toda a expectativa em torno de um aumento mais precipitado dos juros – e, inclusive, de uma retirada mais veloz dos programas de recompra de títulos por parte dos bancos centrais -, pode cair por terra se as restrições de voos e de atividades afetarem as economias.

Predominava entre os operadores o sentimento de que o Federal Reserve (Fed) deixaria de irrigar o mercado já em dezembro, abrindo caminho para subir os juros e, assim, controlar a inflação no alvorecer de 2022.

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Agora os traders já não estão certos das apostas de um primeiro aumento de 25 pontos base nos juros americanos até julho de 2022. No entanto, o presidente do Fed Bank of Atlanta, Raphael Bostic minimizou o risco da nova variante da Covid-19 para a economia dos EUA e disse que estava aberto a reduzir as compras de ativos em um ritmo mais rápido para manter a inflação sob controle.

O petróleo subia com força, apesar dos esforços de Estados Unidos, China, Índia, Japão, Coreia do Sul e Reino Unido de liberar barris de suas reservas estratégicas para tentar contornar a escassez e ajudar a baixar a inflação. Parte desse movimento se deve à frustração das expectativas dos analistas, que esperavam uma liberação maior da commodity. Por outro lado, na sexta os preços haviam caído diante dos temores de que a nova variante da Covid traga impactos daninhos à demanda mundial.

No radar

No Brasil:

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  • PNAD Contínua do IBGE na terça (30)
  • PEC dos Precatórios prevista para ser votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na quarta (1º de dezembro). Se isso ocorrer, pode ir ao plenário no mesmo dia. Em Brasília, as apostas são de alterações significativas no texto-base, o que deve fazer a PEC voltar à Câmara.
  • PIB do 3º trimestre e Caged na quinta (2)
  • Dados da produção industrial na sexta (3)

No exterior:

  • Presidente Jerome Powell fala três vezes: nesta segunda, na terça (30) e na quarta (1º de dezembro), nas duas últimas junto com secretária Janet Yellen.
  • Confiança do consumidor na zona do euro (novembro), hoje
  • Índice de preços ao consumidor (CPI) da Alemanha e da Espanha, hoje
  • Taxa de desemprego do Japão em outubro
  • Sexta-feira (3) tem payroll nos EUA

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-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.