Bloomberg — A China não tem planos de convidar nenhuma autoridade americana para as Olimpíadas de Inverno, segundo o Global Times, jornal chinês apoiado pelo Partido Comunista - em matéria divulgada depois que o presidente Joe Biden revelou que está avaliando um boicote diplomático ao evento.
Esforços para combater a pandemia descartaram convites em grande escala, informou o jornal na segunda-feira (29), citando uma fonte a par da preparação para os jogos, que quis se identificar.
Ainda assim, o Global Times indicou que a política desempenhou um papel importante na decisão de não ter a presença de autoridades americanas. A China defende que o sucesso do evento não tem nada a ver com a presença de alguns políticos anti-China do Ocidente, contou a fonte não identificada na matéria.
“Sem eles para atrapalhar, as Olimpíadas de Inverno de Pequim serão ainda mais esplêndidas”, disse a fonte.
Biden disse, no início deste mês, que Washington consideraria recusar o convite de envio de uma delegação de funcionários do governo aos jogos, em fevereiro, um pedido que veio de congressistas americanos, incluindo a presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi. A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse logo após os comentários de Biden, que os EUA tinham “sérias preocupações sobre os abusos de direitos humanos que ocorreram em Xinjiang”.
Uma avaliação das Nações Unidas aponta que cerca de 1 milhão de membros de minorias étnicas, incluindo uigures muçulmanos, foram detidos na região de Xinjiang, no extremo oeste da China. Isso levou os EUA, o Reino Unido, a União Europeia e o Canadá a sancionarem as autoridades chinesas, além de uma acusação de genocídio contra Pequim, por parte do governo Biden.
O governo do líder chinês, Xi Jinping, nega as acusações, dizendo que está oferecendo educação e treinamento profissional para elevar os padrões de vida na região empobrecida. Ele também respondeu com suas próprias sanções.
‘Supostos problemas’
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, falou, na segunda-feira (29) em uma reunião regular em Pequim, que os jogos de inverno são “uma reunião de amantes dos esportes de inverno e atletas de todo o mundo, não um palco para disputa política e manipulação”.
“Os EUA e outros países transformaram a questão dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim em um suposto problema, vinculando a participação de seus representantes a questões de direitos humanos “, disse ele. “Esta é, na verdade, uma campanha de difamação em nome da defesa dos direitos humanos”.
Em setembro, o presidente russo, Vladimir Putin, foi o primeiro grande chefe de estado a se comprometer a comparecer aos jogos de inverno. Essa decisão ocorreu no momento em que Pequim e Moscou reforçaram os laços, com o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, dizendo, no início deste ano, que esses jogos serão os “melhores da história”.
A primeira-dama americana, Jill Biden, liderou um grupo de oficiais para os Jogos Olímpicos de Verão em Tóquio, em julho. Ela esteve com o ex-primeiro-ministro, Yoshihide Suga, e sua esposa, Mariko Suga, durante a visita.
Com a colaboração de Lucille Liu
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