Após ganhar as prévias, Doria enfrentará obstáculos dentro e fora do PSDB

Candidato à presidência terá de lidar com situações críticas como o a do próprio partido em Minas, segundo maior eleitorado do país

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O governador de São Paulo, João Doria, foi escolhido neste sábado como o nome do PSDB para disputar a Presidência da República em 2022. Ele obteve 54% dos votos da prévia realizada pelo partido, superando o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (44%), e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto (1%).

O resultado chega uma semana depois que o previsto inicialmente, depois que o app de votação do partido colapsou no final de semana passado, expondo o partido a um vexame e a uma novela que durou uma semana.

Este é o momento em que o presidente do partido, Bruno Araújo, anuncia o governador como vitorioso na disputa interna:

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: Tradicional força política brasileira, que ganhou as eleições de 1994 e 1998 e chegou ao segundo turno nas quatro seguintes (2002, 2006, 2010, 2014), o PSDB obteve apenas o quinto lugar em 2018. Com Doria, o partido tenta encabeçar a chamada terceira via para quebrar a polarização, já cristalizada entre o ex-presidente Lula, líder nas pesquisas, e o presidente Jair Bolsonaro.

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PROBLEMAS DENTRO E FORA DO PSDB: À frente do governo do Estado mais rico do país, Doria angariou trunfos ao se firmar como antagonista de Bolsonaro na gestão da crise da pandemia, liderou um esforço que fez o Estado produzir sua própria vacina, a Coronavac (da chinesa Sinovac com o Butantan) e a economia de São Paulo tem mostrado sinais de recuperação mais rápido que o restante do país.

Mas o governador terá que lidar com problemas dentro e fora de seu partido para viabilizar a chegada ao segundo turno. Dentro do partido: o deputado Aécio Neves ainda é uma força preponderante em Minas Gerais, segundo maior eleitorado do país e que foi fundamental para as vitórias do partido com Fernando Henrique Cardoso e a chegada do PSDB ao segundo turno para antagonizar com o PT nas eleições de Lula e Dilma Rousseff.

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Depois que Aécio foi apanhado em um áudio em que pedia dinheiro para Joesley Batista (JBS) e caiu em desgraça, Doria foi uma das vozes a cobrar a saída dele do partido.

O ex-governador Geraldo Alckmin, que lançou Doria na política em 2016, rompeu com o afilhado depois de 2018, quando sua candidatura presidencial definhou. Em São Paulo, vigorou o chamado voto Bolsodoria. Alckmin, que está de saída do PSDB, é cotado para ser vice na chapa do ex-presidente Lula.

Fora do PSDB, os obstáculos do tucano são o congestionamento na chamada terceira via. Além do tucano, estão colocadas as pré-candidaturas de Sergio Moro (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Rodrigo Pacheco (PSD).

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