Bloomberg Línea — O principal índice da Bolsa brasileira opera em forte queda na manhã desta sexta-feira (26), com o pânico no exterior acerca da nova variante do coronavírus encontrada na África do Sul. As incertezas quanto à descoberta da Organização Mundial da Saúde, informada na véspera (25), levam os investidores a preferirem não se comprometer e desfazer posições, o que afeta principalmente os papéis globais ligados à retomada, como os de companhias aéreas. Em dia de Black Friday, nem mesmo as varejistas conseguem amenizar as perdas.
“Se a nova variante atingir a demanda por energia, poderemos ver uma redução nos preços da eletricidade, o que poderia domar as pressões inflacionárias e ajudar bancos centrais a adotarem linha mais ‘dovish’ (de afrouxamento monetário) do que de outra forma no ano que vem”, disse Ipek Ozkardeskaya, analista sênior da Swissquote, em comentários por e-mail. “Os riscos parecem inclinados para baixo antes de vermos uma desaceleração da inflação.”
- Perto das 10h35, o Ibovespa caía 3,17% a 102.460 pontos, rondando os menores níveis em um ano
- As aéreas eram as maiores baixas percentuais do índice: Azul (AZUL4) caía 9,76%, a Gol (GOLL4) 11%, e CVC (CVCB3), 9,46%. Entre as poucas altas, Rede D’or subia tímidos 0,27%
- Veja mais: Ações ligadas a viagens despencam no mundo todo por receio com variante
- Com a busca por proteção, o dólar subia 0,74%, a R$ 5,611. Já os vencimentos dos DIs recuavam: o juro para janeiro de 2023 caía de 12,095% para 11,925%, e o para janeiro de 2027, de 11,810% para 11,710%
- Nos EUA, os futuros do Dow Jones despencavam 2,28%, do S&P 500, 1,69%, e do Nasdaq, 1,01%
Contexto
A nova variante, chamada B.1.1529, carrega um número excepcionalmente alto de mutações, disse François Balloux, diretor do UCL Genetics Institute, em um comunicado publicado pelo Science Media Center. É provável que tenha evoluído durante uma infecção crônica de uma pessoa imunocomprometida, possivelmente em um paciente com HIV/AIDS não tratada, segundo ele.
“É difícil prever o quão transmissível ele pode ser nesta fase”, disse Balloux. “Por enquanto, deve ser monitorado e analisado de perto, mas não há motivo para se preocupar excessivamente, a menos que comece a aumentar sua frequência em um futuro próximo.”
A África do Sul detectou 22 casos da variante, informou o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis, em um comunicado.
A BioNTech começou a estudar a nova variante Covid-19 e espera os primeiros dados de testes de laboratório sobre como ela interage com a vacina dentro de duas semanas. Os dados do laboratório vão esclarecer se a vacina produzida junto com a Pfizer é eficaz contra a cepa descoberta na África do Sul. O Reino Unido e a União Europeia já estão se movimentando para proibir temporariamente voos e solicitar quarentena a viajantes da região.
-- Com informações de Bloomberg News
(Atualiza às 10h49 com dados de papéis de companhias aéreas)