Mercados desabam com descoberta de nova cepa da Covid-19

Temor de que variante do coronavírus apague a recuperação econômica que vinha em curso faz as bolsas despencarem; investidores migram para opções mais conservadoras, como o ouro

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Barcelona, Espanha — Todo o entusiasmo dos operadores com os últimos dados macroeconômicos dos Estados Unidos se converteu em uma debandada para os ativos de menor risco. A descoberta de uma nova variante do Covid-19 na África do Sul trouxe preocupação e muita cautela aos investidores. A queda das bolsas é generalizada – Ásia, Europa e os contratos futuros de índices nos EUA se tingem de vermelho.

Hoje, o mercado spot norte-americano reabre depois do feriado de Ação de Graças. A jornada será mais curta devido ao Black Friday. Mas tudo indica que serão horas intensas e de nervosismo. As ações do setor de viagens e turismo recebem o golpe mais forte. O contrato para dezembro lastreado no S&P 500 chegou a ceder mais de 2% esta manhã, na pior queda desde setembro. O europeu STOXX 600, que ontem fechou com 0,42% de alta, amargou 3% de queda nos primeiros negócios de hoje.

A corrida em busca de refúgio levou os prêmios dos títulos do Tesouro de 10 anos a ceder 10 pontos base. O petróleo despenca, enquanto o ouro e o dólar, considerados um porto seguro em tempos de crise, avançam.

O rali no fim de novembro que colocou o minério de ferro novamente acima de US$ 100 a tonelada perde fôlego. A percepção de alguns investidores é a de que o setor imobiliário da China deve continuar freando o crescimento econômico e a demanda por commodities industriais. Os metais básicos ampliaram as perdas diante da notícia sobre a nova variante do coronavírus.

Na Ásia, o impacto também veio da notícia de que os reguladores chineses pediram que a Didi, a maior empresa de aplicativo de transporte do mundo, se retirasse das bolsas dos EUA. Os reguladores pediram à alta administração da empresa que a retirasse da Bolsa de Valores de Nova York por questões de segurança, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

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Aguando a festa

A notícia sobre a nova variante do coronavírus apaga parte do otimismo com os últimos dados macro dos EUA, que mostravam uma economia em franca recuperação. Também lançam dúvidas sobre uma campanha de Natal que prometia ser intensa. O entusiasmo com a expansão econômica e os balanços do terceiro trimestre levaram as ações globais a subir cerca de 16% este ano, resistindo a uma infinidade de riscos. Os investidores despejaram quase US$ 900 bilhões em fundos negociados em bolsa de valores em 2021 - superando o total combinado dos últimos 19 anos.

Forças contrárias

A nova cepa traz mais peso ao lado negativo da balança das bolsas. Somam-se ao temor dos mercados a escalada da inflação e a expectativa de que é questão de tempo para que os bancos centrais acudam a medidas de política monetária mais enérgicas, como o aumento dos juros.

Em contexto: Quase 100 casos foram identificados na África do Sul e vários países já se somaram ao movimento de proibição de voos provenientes do país africano. Diz-se que a variante B.1.1.529 mostra um número grande e atípico de mutações e é “claramente muito diferente” das versões anteriores. A Organização Mundial da Saúde (OMS) está se reunindo para analisar a gravidade da situação.

No radar

No Brasil:

  • Índice de Evolução de Emprego do CAGED (8h00)
  • Empréstimos Bancários (11h00)

No exterior:

  • Discurso de Christine Lagarde, Presidente do BCE
  • Preços de bens importados da Alemanha
  • Confiança do Consumidor da França e na Itália (novembro)

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-- Com informações de Bloomberg News