Bloomberg — O ministro da Economia, Paulo Guedes, já disse a Jair Bolsonaro que não há espaço fiscal para um reajuste generalizado do funcionalismo público em 2022. Argumentou que cada ponto percentual de alta nos salários tem impacto de R$ 3 bilhões nas contas públicas. Também lembrou que esse tipo de pressão tem repercussão negativa no mercado e faz o dólar e a inflação subirem ainda mais. Mas a equipe sabe que o presidente não vai recuar e que será preciso encontrar uma solução para acomodar ao menos para as suas bases mais próximas, como policiais.
Erro
Integrantes da equipe econômica avaliam que Bolsonaro e seu entorno estão cometendo um erro ao priorizarem a manutenção da turbulência em busca da reeleição e fazerem corpo mole na articulação política. A falta de uma interlocução que deveria estar sendo feita pelos ministros Ciro Nogueira, da Casa Civil, e Flavia Arruda, da Secretaria de Governo, contribuiu para estender a tramitação da PEC dos Precatórios, o que gerou estresse extra no mercado, e enterrar reformas importantes como a administrativa e do Imposto de Renda.
Quem te viu, quem te vê
Interlocutores do PL já apontam a ironia da filiação do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, ao partido. Quando assumiu a pasta, Tarcísio demitiu nomes do PL em diversas áreas que eram reduto da sigla, incluindo a Valec, empresa estatal de construção e operação de ferrovias, e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Agora, para seguir com sua trajetória política - é o nome que Bolsonaro quer para a disputa do governo de São Paulo - o ministro vai ter que abrir os braços ao PL.
Mesmo assim é pouco provável que o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, dê apoio aberto à candidatura de alguém que tratou a sigla com tanto desdém.
Xadrez
A ida para o PL está fazendo Bolsonaro e aliados se debruçarem sobre o xadrez eleitoral de 2022. Tarcísio, por exemplo, preferia concorrer ao Senado por Goiás, mas deve ir para a disputa em São Paulo a pedido do presidente. No desenho atual, e apesar dos pedidos para que concorra a vice governador de SP, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles prefere ir a deputado federal. O Planalto quer ainda que o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, concorra ao Senado. Primeiro para montar a chapa e depois para que o presidente finalmente consiga se livrar de Ramos, que já não agrada ao Planalto há tempos.
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