Traders acumulam apostas em petróleo a US$ 70 no longo prazo

Contratos de prazo mais longo são impulsionados por investimentos cada vez menores na produção

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Bloomberg — Operadores apostam que os preços do petróleo no longo prazo podem subir devido à falta de investimento em produção futura.

Desde que atingiram a máxima do ano em outubro, os contratos futuros de petróleo mais ativos caíram quase 5%. Em comparação, os contratos do fim de 2022 e 2023 mostram pouca variação, ainda acima de US$ 70 o barril.

Com os preços de curto prazo atingidos pela venda conjunta das reservas liderada pelos Estados Unidos para aumentar a oferta - e uma possível reação negativa da Opep+ -, os contratos de prazo mais longo são impulsionados por investimentos cada vez menores na produção e poucos produtores que vendem futuros de longo prazo para fixar vendas futuras.

Durante a maior parte dos últimos dois meses o mercado esteve à beira do chamado “super-backwardation”, um jargão da indústria que indica oferta restrita, com uma curva mais inclinada para baixo. Mas, nas últimas semanas, a estrutura começou a se achatar com a aposta de traders em demanda sólida e menores investimentos em nova produção, o que deve manter o mercado mais apertado por mais tempo.

“Acho que os futuros do petróleo vão subir além dos preços spot”, disse Marwan Younes, diretor de investimentos da Massar Capital Management, que administra cerca de US$ 970 milhões nos mercados de commodities e macro. “O mundo pode descarbonizar, mas as fontes de petróleo são mais fáceis de fechar do que a demanda.”

Essa visão ecoa comentários de profissionais de alguns dos maiores bancos e trading de commodities nas últimas semanas.

Nesse período, o presidente dos EUA, Joe Biden, orquestrou esforços globais para liberar reservas estratégicas de petróleo, algo que finalmente aconteceu na terça-feira. O mercado agora espera a resposta da Opep e aliados, se é que vão fazer alguma coisa, quando se reunirem no início de dezembro.

A desaceleração dos gastos aparece nos números do setor. O total de sondas de perfuração de petróleo e gás ao redor do mundo caiu cerca de 30% em comparação com o nível pré-pandemia. Ao mesmo tempo, a demanda retornou aos volumes pré-pandêmicos, de acordo com a Vitol Group, e vários outros grandes operadores veem a demanda em patamar semelhante.

A Trafigura, uma das maiores tradings de commodities do mundo, disse que os preços em cerca de US$ 70 o barril para dezembro de 2022 e 2023 ainda estão baratos, já que podem chegar a US$ 100.

Planos da Opep

Ainda assim, a aposta com base em teorias de déficit de oferta iminente - uma preocupação persistente no mercado há vários anos - está repleta de riscos.

Previsões apontam que o crescimento da demanda deve se desacelerar no final da década, por isso, Opep e aliados poderiam tentar bombear mais petróleo antes para aproveitar ao máximo os recursos enquanto o consumo ainda é forte, de acordo com Greg Sharenow, gestor com foco em energia e commodities na Pacific Investment Management Co.

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