Hapvida compra hospital mineiro e amplia presença no Sudeste

Operadora de planos de saúde pode adquirir até 100% do capital da unidade ao preço de R$ 134 milhões

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São Paulo — A operadora de planos de saúde Hapvida anunciou, nesta quinta-feira (25), a aquisição do Hospital Octaviano Neves por R$ 134 milhões. A unidade de 156 leitos fica em Belo Horizonte (MG). A companhia cearense disse que a transação “é mais um passo importante na estratégia de crescimento no estado de Minas Gerais”.

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A assinatura do contrato foi realizada pela Ultra Som Serviços Médicos, subsidiária da Hapvida. O documento prevê a aquisição de pelo menos 73%, podendo chegar a 100% do capital social. O valor de R$ 134 milhões é referente a 100% das ações e inclui o imóvel do hospital, estacionamento e clínica anexos.

Em fato relevante, a Hapvida diz que assumirá até R$ 15 milhões de dívida, valor sujeito ao ajuste de preço decorrente da sua variação até a data do fechamento.

Fundado em 1964, o Hospital Octaviano Neves oferece, segundo a Hapvida, atendimento médico-hospitalar numa região privilegiada da capital mineira, com estrutura de maternidade, pronto-atendimento, laboratório de análises clínicas, serviço de diagnóstico por imagem, atendimento ambulatorial para diversas especialidades e centro cirúrgico.

A unidade ocupa uma área construída de 7,9 mil m². Do seu total de leitos (156), 45 são leitos de UTI, sendo 30 de UTI neonatal e 15 de UTI adulto. “A região de saúde que engloba a Grande Belo Horizonte conta com uma população de mais de 6 milhões de habitantes e cerca de 2 milhões de beneficiários de planos de saúde privados”, informou a operadora de planos de saúde.

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A Hapvida acrescentou que a transação é sinérgica do ponto de vista operacional. “O Hapvida possui, atualmente, cerca de 320 beneficiários em planos de saúde na região”, detalhou.

Segundo um relatório de setembro do Bradesco BBI, a Hapvida tem participação de mercado inferior a 20% em Belo Horizonte.

Sudeste

A compra do Hospital Octaviano Neves ocorre antes da conclusão da fusão da Hapvida com a paulista GNDI (Grupo NotreDame Intermédica). A empresa cearense ainda aguarda aval regulatório à operação. A expectativa do mercado é que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprove a fusão, mas com restrições.

A Hapvida expande suas operações em São Paulo, maior mercado do país. Em setembro, a operadora de planos de saúde fechou a aquisição do grupo paulista HB Saúde por R$ 383,5 milhões, após disputar o ativo com a SulAmérica. A aquisição da HB Saúde vai permitir à companhia cearense explorar a região de São José do Rio Preto, uma praça estratégica para a expansão no interior de São Paulo.

No Centro Oeste, a companhia também amplia sua presença. No mês passado, a Hapvida adquiriu 100% da Viventi Hospital Asa Sul, na área nobre de Brasília, por R$ 22 milhões. O hospital terá capacidade para até 114 leitos e contará com centro cirúrgico, serviço de quimioterapia e hemodinâmica.

Lucro

No terceiro trimestre deste ano, a Hapvida reportou um lucro de R$ 43,7 milhões, uma queda de 83,4% em relação a igual período do ano passado, com geração de caixa medida pelo Ebidta de R$ 321,9 milhões, redução de 35% na comparação anual.

“A Hapvida apresentou um resultado com topline em linha com nossas projeções, mas com Ebitda e lucro abaixo dos nossos números em função da ainda alta taxa de sinistralidade no período, que nos surpreendeu negativamente. De positivo, entretanto, destaca-se o aumento orgânico e inorgânico no número de beneficiários e o crescimento do ticket médio de saúde e odonto. Além disso, a companhia. segue expandindo sua rede própria de atendimento e controlando suas despesas operacionais”, comentou o analista Leo Monteiro, da Ativa Investimentos, em relatório.

Ele destacou o aumento de beneficiários e do ticket médio beneficiando a receita da companhia. “No trimestre, impulsionado por aquisições e pela entrada de 121 mil beneficiários em saúde e 159 mil beneficiários em odonto de maneira orgânica, houve expansão de 20% na comparação anual e 11,8% no número final de beneficiários de saúde e odonto, respectivamente. Aliado a isso, verificou-se crescimento de 1,3% na base anual no ticket médio de saúde e de 1,4% no ticket de odonto. Tais fatores somados permitiram que a receita líquida seguisse com ritmo de crescimento double-digits dos últimos trimestres, com expansão de 20,3% na comparação anual”, escreveu o analista.

Monteiro ressaltou ainda a pressão na margem Ebitda da Hapvida. “A margem Ebitda no trimestre foi de 12,6%, 10,7 pontos percentuais menor em relação ao terceiro trimestre do ano passado em função, principalmente, da maior sinistralidade em devido aos custos relacionados à Covid e retomada dos procedimentos eletivos, além de aquisições que possuíam margens menores”, comentou.

A sinistralidade total apresentou piora de 11,9 pontos percentuais na comparação anual e 2,6 pontos percentuais, chegando a 72,3% da receita líquida. “A piora é em grande parte atribuída aos maiores custos para tratamento de pacientes com Covid, aumento no tratamento de procedimentos eletivos e maior patamar de sinistralidade nas empresas adquiridas. Se desconsiderados tais efeitos, entretanto, a sinistralidade caixa fecharia o trimestre em 61,6%, próximo dos patamares históricos da companhia”, observou o analista da Ativa Investimentos.