Bloomberg — IPCA-15 de novembro ligeiramente acima do esperado não deve mudar a sinalização do Banco Central de um novo aperto de 1,5 pp no Copom de dezembro. Número reforça a leitura do mercado de que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, está confortável com a orientação, depois de mostrar um tom dovish em sua fala na quarta-feira, ao não enfatizar a perseguição da meta em 2022 e tratar a alta dos preços como temporária.
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A manutenção do ritmo se dará apesar de uma inflação generalizada e com evidências de efeitos secundários, dizem economistas. Dado mostrou alguma moderação em serviços e desaceleração em alimentos, mas com núcleos ainda pressionados.
O IPCA-15 subiu 1,17% em novembro, acima da estimativa de 1,13%, na maior variação para esse mês desde 2002, segundo o IBGE. O maior impacto veio de transportes, em razão da alta da gasolina.
Veja o que dizem os analistas:
Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs
- O BC deve manter o ritmo de alta de 1,5 pp da Selic no próximo Copom, em meio à inflação elevada e disseminada trazida pelo IPCA-15
- "No geral, a inflação é agora muito generalizada com evidências contundentes de efeitos secundários significativos"
- Núcleo estão muito elevados
- Única surpresa positiva foi menor inflação em alimentos e bebidas e leve moderação dos serviços; leituras muito altas em bens industriais e duráveis
Tatiana Nogueira, economista da XP Investimentos
- Serviços surpreenderam para o lado negativo, enquanto os preços industriais subiram mais do que o projetado; desvios concentraram-se na alimentação fora do domicílio e nos cuidados pessoais, itens geralmente voláteis
- "Calibraremos nossas projeções e em breve lançaremos possíveis revisões. Por enquanto, mantemos estimativa do IPCA em 10,1% em 2021"
Carlos Menezes, gestor da Gauss Capital
- Mercado estava bastante receoso de um número muito forte
- Veio ligeiramente acima, o que não deve mudar o call de um ritmo de 150 bps para o próximo Copom
- "Ontem leitura do Campos neto foi mais dove. E hoje ganhou força com um número não tão forte"
Elisa Machado, economista-chefe da ARX Investimentos
- Seria recomendável BC acelerar ritmo em função das expectativas
- "Temos visto o Focus com deterioração importante para 2022 e começando a subir expectativas para 2023"
- Embora número seja "muito alto", a questão do ritmo da Selic será mais relacionado às expectativas de inflação, que têm piorado
- Não houve piora adicional na parte de serviços, mas causa preocupação a dinâmica de preços industriais, que continuam acelerando fortemente
Mauricio Une, economista sênior do Rabobank
- IPCA-15 trouxe mais uma surpresa de alta em relação às expectativas do mercado, mas o ritmo de 1,50pp de aumento da Selic indicado para o próximo Copom ainda parece adequado
- "Serviços e alimentação trouxeram um respiro em novembro"
- Avalia como "plenamente factível" as expectativas voltarem à meta em 2023
Daniel Lima, economista e analista de inflação do ABC Brasil
- "Apesar de a inflação continuar com quadro qualitativo desfavorável, não achamos que o número do IPCA-15 fará uma mudança no Copom"
- "Até pelas sinalizações de ontem do Roberto Campos Neto, parece que BC segue confortável com ritmo de 150 bps"
- "Devemos observar alguma melhora só daqui 2, 3 meses"
- "Gasolina é principal item que deve contribuir com índice cheio, mantendo IPCA em níveis bastante altos"
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