São Paulo — O fundador e presidente-executivo do conselho de administração da XP Inc., Guilherme Benchimol, manifestou-se nesta quinta-feira (25) pela primeira vez sobre a remoção do Touro de Ouro da calçada do prédio da B3, no centro histórico de São Paulo. Em sua conta no LinkedIn, ele comentou: “Um dos maiores absurdos que já vi”.
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O executivo participou da inauguração da estátua de autoria do artista plástico Rafael Brancatelli, no último dia 16, juntamente com o economista e influenciador digital Pablo Spyer, da Vai Tourinho, empresa sócia da XP. Na última terça-feira (23), uma comissão da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento considerou a estátua irregular, publicitária e ordenou a retirada da escultura do local, que foi levada no mesmo dia, à noite, para o depósito que guarda o acervo histórico da Bolsa.
“A tristeza é ainda maior porque o centro de São Paulo precisava de alguma coisa que pudesse atrair as pessoas para reaquecer o comércio local e retomar a economia. Nos poucos dias que o Touro esteve em frente da B3, isso vinha acontecendo. Quantas famílias, estudantes e tantos outros não foram visitá-los. É uma pena”, comentou Benchimol, que postou ainda um vídeo com o Touro de Ouro sendo içado da rua XV de Novembro e colocado em um caminhão.
O fundador da XP lembrou ainda que o touro é um símbolo mundialmente conhecido pela sua virilidade e prosperidade. “Um ícone da força do mercado de capitais mundial, não à toa conhecemos a expressão ‘bull market’ - o touro ataca de baixo para cima, demonstrando que no longo prazo as boas companhias sempre se valorizam”, disse.
Benchimol também criticou os estereótipos mais comuns sobre o mercado de capitais. “Muitos, por ignorância, acreditam que as bolsas de valores são lugares meramente especulativos. Se enganam! É um lugar onde as empresas captam recursos, para que possam ampliar seus negócios, gerando emprego, renda, pagamento de impostos para o estado e trazer inovação para a sociedade. Um mercado de capitais forte significa um país mais empreendedor e menos dependente do estado”, teorizou.
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Desde sua inauguração, ativistas de movimentos sociais promoveram ataques à escultura, como pichação e colagem de cartazes com a palavra fome. A região da B3 é marcada hoje pelo fechamento do comércio e pela presença de barracas de camping montadas por pessoas em situação de rua, sem moradia, nos arredores do antigo prédio da BM&F e do Edifício Martinelli, no Vale do Anhangabaú.
A CPPU (Comissão de Proteção da Paisagem Urbana) evitou analisar, na última terça-feira, o mérito artístico da obra. A placa da escultura exibia o nome da empresa de Pablo Spyer, o que foi configurado como caráter publicitário.
Como não havia sido pedida uma licença da CPPU para a permanência temporária do Touro de Ouro, o colegiado considerou irregular e acionou a Subsecretaria da Sé, responsável pela região da B3, para aplicar sanções, como uma multa, cujo valor ainda vai ser definido.
Os responsáveis pela escultura argumentaram que o objetivo era contribuir com a revitalização do centro histórico. Durante sua permanência no local, o Touro de Ouro virou uma atração turística, com pedestres parando diante da B3 para tirar fotos, fazer selfies ou gravar vídeos. Comerciantes informais da área relataram que a maior frequência na rua XV de Novembro estava ajudando a aumentar as vendas.
A B3 não tem planos de regularizar a situação da escultura e devolver o Touro de Ouro para a entrada de sua sede. O artista plástico chegou a propor, durante o julgamento da CPPU, readequar a obra, alterando a placa acusada de publicitária, para o retorno da peça à calçada da Bolsa.
(atualizado com novos dados às 10h40)
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