Benchimol sobre remoção do Touro: ‘Um dos maiores absurdos que já vi’

Fundador da XP critica decisão da Prefeitura de retirar a escultura Touro de Ouro da calçada da B3

Da direita para esquerda: o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, o fundador da XP, Guilherme Benchimol, o economista e influenciador Pablo Spyer e o artista plástico Rafael Brancatelli, durante inauguração do Touro de Ouro
25 de Novembro, 2021 | 09:36 AM

São Paulo — O fundador e presidente-executivo do conselho de administração da XP Inc., Guilherme Benchimol, manifestou-se nesta quinta-feira (25) pela primeira vez sobre a remoção do Touro de Ouro da calçada do prédio da B3, no centro histórico de São Paulo. Em sua conta no LinkedIn, ele comentou: “Um dos maiores absurdos que já vi”.

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O executivo participou da inauguração da estátua de autoria do artista plástico Rafael Brancatelli, no último dia 16, juntamente com o economista e influenciador digital Pablo Spyer, da Vai Tourinho, empresa sócia da XP. Na última terça-feira (23), uma comissão da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento considerou a estátua irregular, publicitária e ordenou a retirada da escultura do local, que foi levada no mesmo dia, à noite, para o depósito que guarda o acervo histórico da Bolsa.

A tristeza é ainda maior porque o centro de São Paulo precisava de alguma coisa que pudesse atrair as pessoas para reaquecer o comércio local e retomar a economia. Nos poucos dias que o Touro esteve em frente da B3, isso vinha acontecendo. Quantas famílias, estudantes e tantos outros não foram visitá-los. É uma pena”, comentou Benchimol, que postou ainda um vídeo com o Touro de Ouro sendo içado da rua XV de Novembro e colocado em um caminhão.

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O fundador da XP lembrou ainda que o touro é um símbolo mundialmente conhecido pela sua virilidade e prosperidade. “Um ícone da força do mercado de capitais mundial, não à toa conhecemos a expressão ‘bull market’ - o touro ataca de baixo para cima, demonstrando que no longo prazo as boas companhias sempre se valorizam”, disse.

Remoção do Touro de Ouro da calçada da B3 na noite em que comissão da Prefeitura de São Paulo ordenou retirada do espaço público por ser peça publicitária sem licença

Benchimol também criticou os estereótipos mais comuns sobre o mercado de capitais. “Muitos, por ignorância, acreditam que as bolsas de valores são lugares meramente especulativos. Se enganam! É um lugar onde as empresas captam recursos, para que possam ampliar seus negócios, gerando emprego, renda, pagamento de impostos para o estado e trazer inovação para a sociedade. Um mercado de capitais forte significa um país mais empreendedor e menos dependente do estado”, teorizou.

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Desde sua inauguração, ativistas de movimentos sociais promoveram ataques à escultura, como pichação e colagem de cartazes com a palavra fome. A região da B3 é marcada hoje pelo fechamento do comércio e pela presença de barracas de camping montadas por pessoas em situação de rua, sem moradia, nos arredores do antigo prédio da BM&F e do Edifício Martinelli, no Vale do Anhangabaú.

A CPPU (Comissão de Proteção da Paisagem Urbana) evitou analisar, na última terça-feira, o mérito artístico da obra. A placa da escultura exibia o nome da empresa de Pablo Spyer, o que foi configurado como caráter publicitário.

Touro de Ouro da B3 vira ponto turístico durante período de permanência na rua XV de Novembro

Como não havia sido pedida uma licença da CPPU para a permanência temporária do Touro de Ouro, o colegiado considerou irregular e acionou a Subsecretaria da Sé, responsável pela região da B3, para aplicar sanções, como uma multa, cujo valor ainda vai ser definido.

Touro de Ouro é alvo de protesto na  B3 um dia após ser inaugurado em frente ao prédio da Bolsa

Os responsáveis pela escultura argumentaram que o objetivo era contribuir com a revitalização do centro histórico. Durante sua permanência no local, o Touro de Ouro virou uma atração turística, com pedestres parando diante da B3 para tirar fotos, fazer selfies ou gravar vídeos. Comerciantes informais da área relataram que a maior frequência na rua XV de Novembro estava ajudando a aumentar as vendas.

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A B3 não tem planos de regularizar a situação da escultura e devolver o Touro de Ouro para a entrada de sua sede. O artista plástico chegou a propor, durante o julgamento da CPPU, readequar a obra, alterando a placa acusada de publicitária, para o retorno da peça à calçada da Bolsa.

(atualizado com novos dados às 10h40)

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.