Bloomberg — Uma mina peruana cujas instalações foram incendiadas no mês passado e que agora está na mira do governo vê o incidente como uma oportunidade para resolver conflitos com a comunidade.
A operação de ouro e prata da mineradora Apumayo simboliza as tensas relações com a comunidade que marcaram a ascensão do Peru como um grande fornecedor mundial de metais e que agora ameaçam minar investimentos e a produção no futuro.
A empresa peruana de capital fechado que opera a mina a céu aberto diz que tem boas relações com moradores nos arredores, mas reconhece as deficiências nos serviços de água, saneamento, saúde, transporte e educação nas comunidades rurais pobres da região andina. Além disso, os benefícios da mineração são menos evidentes para pessoas que vivem mais longe. A Hudbay Minerals recentemente fechou um acordo para elevar os gastos depois que sua mina no Peru foi atingida por protestos.
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“Se pudermos usar os recursos de que o governo dispõe e encontrar um mecanismo rápido para servir as pessoas, vamos deixar as comunidades mais felizes”, disse o gerente-geral da Apumayo, Guillermo Shinno, em entrevista terça-feira (23).
Um dia antes, o presidente do Peru, Pedro Castillo, interveio em um plano anunciado pelo governo para suspender licenças adicionais para quatro minas - incluindo a Apumayo - na região de Ayacucho em meio a alegações de contaminação das águas. Embora Castillo tenha afirmado que o processo vai cumprir a lei, disse que a mineração deve proteger o meio ambiente.
O plano de fechamento, que será o tópico de discussão entre o setor e o governo nesta semana, surge em meio a crescentes protestos diante da pressão para que Castillo solucione problemas sociais como prometido antes das eleições.
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No fim de outubro, manifestantes da cidade de Coracora atearam fogo no campo de mineração da Apumayo, o que resultou em danos de US$ 30 milhões e interrompeu a produção, de acordo com a empresa. A Apumayo planeja reiniciar as operações dentro de algumas semanas.
Shinno - que atuou como vice-ministro de mineração no governo de Ollanta Humala - pediu que autoridades investiguem as alegações de contaminação, pois os rios já contêm minerais naturais e a Apumayo não foi sancionada por violações ambientais.
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