Bloomberg Línea — Maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, o Brasil terá na safra 2021/22 seu pior desempenho dos últimos 10 anos. A terceira estimativa de produção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada hoje, indicou uma oferta de 568,43 milhões de toneladas, 13,8% menor que a produção da última safra e o menor volume desde as 560,9 milhões de toneladas produzidas no ciclo 2011/12.
Os dados apresentados hoje representam um novo corte na estimativa. O primeiro levantamento, realizado em maio, apontou para uma produção de 628,13 milhões de toneladas de cana. Desde então, a Conab vem reduzindo sua previsão para a safra. Em comparação a agosto, o dado de hoje representa uma redução de 4%.
“A terceira estimativa, da safra 2021/22, considera os efeitos climáticos adversos da estiagem durante o ciclo produtivo das lavouras e as baixas temperaturas registradas em junho e julho deste ano, inclusive com episódios de geadas em algumas áreas de produção, sobretudo em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná”, diz o relatório da Conab.
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Com a menor oferta de matéria-prima, os efeitos sobre os derivados passam a ser inevitáveis. A produção nacional de açúcar está estimada em 33,9 milhões de toneladas na safra 2021/22, o pior desempenho dos últimos dois anos. O volume representa uma queda de 8,1% em comparação ao que havia sido projetado em agosto e uma retração de 17,7% em relação à safra passada.
Apesar da menor produção de cana, as estimativas iniciais da safra indicavam que a produção de açúcar poderia ser maior que a anterior, o que acabou por não se concretizar. “Com a quebra de safra no Centro-Sul do Brasil e a Índia prevendo direcionar alguns milhões de toneladas de açúcar para a produção de etanol – já que adiantou em dois anos seu cronograma de aumento na mistura de biocombustível à gasolina – a commodity registrará um déficit global da oferta na atual temporada, e esta perspectiva está prevista se estender até a próxima temporada”, diz a Conab.
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Para o etanol a situação não é diferente. A oferta total do combustível, considerando a produção proveniente da cana-de-açúcar e do milho, será de 28,27 bilhões de litros, o menor volume produzido pelo Brasil nos últimos cinco anos. O resultado representa um corte de 3,25% em relação à estimativa de agosto e uma redução de 13,7% em comparação ao volume produzido na safra passada.
“Houve grande concorrência de cultivos anuais, como soja e milho, que ganharam ótima rentabilidade recentemente e influenciaram diretamente na destinação de área para cana-de-açúcar”, também destaca a Conab.