Bloomberg — À margem da cúpula do G20 no mês passado, a chanceler Angela Merkel avisou seu provável sucessor que a pandemia de coronavírus poderia exigir medidas mais rígidas. Mas Olaf Scholz rejeitou a proposta, e a Alemanha agora paga o preço.
Na reunião em Roma no fim de outubro, quando Merkel apresentou Scholz a outros líderes mundiais, ela propôs convocar os líderes dos 16 estados da Alemanha para coordenar uma resposta aos crescentes casos de Covid-19. Scholz considerou a reunião desnecessária, de acordo com pessoas a par das discussões.
A falta de liderança na maior economia da Europa abriu caminho para a onda de Covid atual e ameaça obscurecer o início do mandato de Scholz, enfraquecendo-o antes que seu governo comece de fato. A piora da pandemia abala a confiança da população enquanto Scholz se prepara para assumir o poder em meio ao cansaço dos cidadãos das restrições da Covid e maiores incertezas sobre a recuperação econômica.
Nos bastidores, Scholz disse aos líderes estaduais do Partido Social-Democrata (SPD) que não atendessem a convocação de Merkel para uma reunião para discutir novos freios à pandemia, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas. Um porta-voz de Merkel não quis comentar, e porta-vozes de Scholz não responderam de imediato.
Aliados do partido de Scholz rejeitaram publicamente a necessidade de restrições nacionais, e o SPD se uniu a seus possíveis parceiros de coalizão, os Verdes e o Partido Democrático Livre, para suspender as regras emergenciais de pandemia implementadas por Merkel.
Com pouca influência para agir depois da derrota de seu partido, Merkel desistiu e alguns dias depois estava na cidade vinícola francesa de Beaune, tirando selfies e cumprimentado fãs durante uma viagem de despedida com a presença do presidente da França, Emmanuel Macron. Em 5 de novembro, o número de casos de Covid na Alemanha bateu um novo recorde e não para de aumentar desde então.
Com Merkel em um tour de despedida durante grande parte do outono e Scholz negociando com seus potenciais parceiros sobre detalhes de políticas e cargos ministeriais, nenhum dos dois deu ouvidos aos avisos e agora a maior economia da Europa está em plena crise.
Merkel recentemente aumentou a pressão sobre Scholz.
“O vírus não se importa se a Alemanha está atualmente em fase de governo provisório, que eu lidero, e negociações em andamento sobre a formação de um novo governo federal”, disse um dia antes da reunião para discutir a pandemia na semana passada.
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