Bloomberg — Os Estados Unidos compartilharam com aliados europeus informações dos serviços de inteligência como mapas, que mostram expansão das tropas e artilharia da Rússia que possibilitariam uma invasão rápida e em grande escala da Ucrânia a partir de vários pontos caso o presidente Vladimir Putin decida atacar, segundo pessoas a par das conversas.
Essas informações foram transmitidas a alguns membros da OTAN na semana passada para justificar a preocupação dos EUA sobre as possíveis intenções de Putin e para apoiar uma ação diplomática com o objetivo de impedir qualquer invasão por meio da negociação direta de líderes europeus com o presidente russo. A diplomacia foi informada por uma avaliação dos EUA de que Putin teria planos de invasão no início do ano que vem, diante da nova movimentação de tropas perto da fronteira.
A informação descreve um cenário em que as tropas entrariam na Ucrânia a partir da Crimeia, da fronteira russa e via Bielorrússia, com cerca de 100 batalhões táticos - potencialmente cerca de 100 mil soldados - mobilizados. Segundo as fontes, a operação ocorreria em terreno acidentado e temperaturas baixas, que cobriria um extenso território e sinalizaria uma ocupação potencialmente prolongada.
Duas das pessoas disseram que cerca da metade desses grupos táticos já está posicionada e que uma potencial invasão seria apoiada por operações aéreas.
As duas pessoas disseram que o governo de Moscou também convocou dezenas de milhares de reservistas em uma escala sem precedentes nos tempos pós-União Soviética. Também explicaram que o papel dos reservistas em qualquer conflito seria proteger o território em uma fase posterior, depois que os batalhões táticos abrissem caminho. A Rússia não anunciou nenhuma grande convocação de reservistas.
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Uma das pessoas disse que os EUA também compartilharam informações sobre um aumento exponencial de notícias falsas sobre o governo de Kiev e que Moscou recrutou agentes para tentar semear a desestabilização da Ucrânia.
Putin negou na semana passada qualquer intenção de invadir a Ucrânia, mas destacou o alarme como evidência de que suas ações chamaram a atenção dos Estados Unidos e de aliados, que ele acusa de não levarem a sério as “linhas vermelhas” da Rússia sobre a Ucrânia.
Um alto funcionário do governo disse que os EUA, sob o comando de Biden, demonstraram que estão dispostos a usar uma série de ferramentas para abordar ações russas prejudiciais e que continuará a fazê-lo. A Casa Branca disse que não tinha mais comentários a fazer.
O ministro de Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, que viajou a Bruxelas na semana passada, disse à televisão ucraniana no fim de semana que uma invasão é claramente uma opção para o governo de Moscou e que Kiev precisa de apoio para detê-la.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, rejeitou esse cenário no domingo: “Esta histeria está sendo construída artificialmente.”
“Os que nos acusam de algum tipo de atividade militar atípica em nosso próprio território estão enviando suas forças armadas através do oceano. Quero dizer os Estados Unidos da América. Não é muito lógico tampouco muito razoável”, disse à televisão estatal.
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