São Paulo — A escultura Touro de Ouro, instalada em frente ao prédio da B3 no centro histórico de São Paulo, sofreu um novo ataque pelo segundo dia consecutivo desde sua inauguração na última terça-feira (16).
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Ontem, a obra do artista plástico Rafael Brancatelli, localizada na rua XI de Novembro, foi alvo de um grupo de estudantes em um protesto contra a fome. Eles colaram cartazes na estrutura tubular da réplica em fibra de vidro do Touro de Wall Street, conhecido como “Charging Bull” (touro em investida), em bronze.
Hoje, foi a vez do coletivo Juntos assumir a autoria da pichação na escultura. A assessoria de imprensa da Bolsa confirmou à Bloomberg Línea o novo ataque ao Touro de Ouro. Os manifestantes picharam a mensagem “taxar os ricos”.
“No amanhecer desta quinta-feira, 18 de novembro, o Movimento Juntos realizou uma intervenção na escultura inaugurada no dia de ontem em frente a B3, Bolsa de Valores do Brasil”, escreveu o grupo em sua página no Twitter. O coletivo se define como um “movimento nacional de juventude em luta por outro futuro”, “anticapitalista”, “antirracista, LGBTI+, feminista e ecossocialista”.
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A manifestação de ontem foi organizada pelos grupos Juventude Fogo no Pavio e Movimento Raiz da Liberdade. Ontem, a Bolsa enviou uma nota de posicionamento sobre a primeira intervenção. “A escultura Touro de Ouro é uma iniciativa da B3, do economista Pablo Spyer e do artista plástico Rafael Brancatelli que homenageia a força e a coragem do brasileiro, além de ser um presente para a cidade de São Paulo, visando à revitalização do centro histórico da cidade. Esculturas de touro, que representam o otimismo com o mercado financeiro, estão presentes em centros financeiros de diversas cidades no mundo, como Nova York e Frankfurt”.
Em Frankfurt, a bolsa do importante centro financeiro alemão não possui apenas uma escultura de touro. Há também a de um urso, que representa o “bear market”, período em que o mercado de ações enfrenta um ciclo de baixa dos preços e de pessimismo com o futuro das empresas e da economia.
Protestos
A escultura do Touro Dourado provocou uma enxurrada de memes nas redes sociais. É a primeira vez, desde o início da pandemia, que um evento da B3 ganha tamanha visibilidade na internet fora do mundo financeiro.
Em meio às críticas à obra, desde questões estéticas, geopolíticas a sociais, a B3 convocou, nesta quinta-feira (18), a imprensa para acompanhar, no próximo dia 22, a partir das 15h, o “Toque de Campainha pela Equidade Racial”.
“O evento tem como principal objetivo trazer visibilidade para o tema e debater comportamentos e soluções que ajudem as empresas a adotarem ações afirmativas no sentido de contribuir para uma transformação cultural que vá no caminho de reduzir a desigualdade racial na sociedade. Durante o evento a B3 anunciará ainda um programa de capacitação no Mercado Financeiro, com foco em educação financeira e empregabilidade, voltado para pessoas negras”, detalhou a Bolsa, sem fazer ligação entre os ataques à escultura e a iniciativa social.
A proximidade do ano eleitoral, com a escolha do próximo presidente em outubro de 2022, tende a colocar a Bolsa no centro das acaloradas discussões políticas, como já ocorreu no passado. As previsões pessimistas para a economia brasileira diante das pressões inflacionárias, desemprego em patamar elevado e juros básicos caminhando para voltar aos dois dígitos criam um cenário para questionamentos dos grupos de oposição sobre indicadores de desigualdade social e distribuição de renda. Ontem, o ex-presidenciável Guilherme Boulos (Psol) comentou, nas redes sociais, o protesto contra o Touro de Ouro. “Enquanto os bilionários ostentam estátuas, a fome assola o Brasil”, escreveu em postagem no Instagram.
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