Novos casos de Covid acendem alerta para festas de fim de ano

Média de sete dias de novas internações hospitalares por Covid-19 confirmada está aumentando em 25 estados nos EUA em relação à semana anterior

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Bloomberg — Uma queda nos novos casos de Covid-19 nos Estados Unidos em setembro e outubro fez com que as pessoas planejassem festas de fim de ano num clima de volta à normalidade. Mas um aumento recente de casos fez com que as autoridades lançassem alertas pelo segundo ano consecutivo.

A média de sete dias de novas internações hospitalares por Covid-19 confirmada está aumentando em 25 estados em relação à semana anterior, com áreas mais preocupantes no meio-oeste e nordeste,segundo o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA. Duas semanas antes, as internações estavam subindo em apenas 14 estados.

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Em Nova York, o total de internações por Covid-19 subiu 11% este mês para mais de 2.000. Cinco regiões do estado têm uma taxa de infecção de mais de 50 por 100.000, uma região a mais do que na semana passada, confirmou a governadora, Kathy Hochul, na terça-feira (16), em um comunicado sobre o vírus.

Hochul culpou as pessoas que se recusam a se vacinar, dizendo que o agravamento da situação seria evitável se as pessoas tomassem as vacinas. Ela também desencorajou grandes encontros em lugares fechados para o Dia de Ação de Graças, que será em pouco mais de uma semana, em 25 de novembro.

“Estamos entrando em um momento vulnerável”, disse Hochul. “No ano passado, pensamos que seria a última vez, que nesta época do ano, em 2021, estaríamos bem, com a vacina já disseminada. Mas, como ainda existem resistências por parte de muita gente, não podemos declarar que será totalmente seguro se reunir nas próximas festas. "

As festas de fim de ano vão testar a capacidade do país de se proteger por meio das vacinas. Embora os casos de infecção pós-vacina sejam raros, o risco aumenta quando as pessoas estão próximas umas das outras e sem máscaras. Além disso, mesmo em famílias fortemente vacinadas, pode ser que a proteção oferecida pela imunização no início do ano tenha diminuído entre alguns membros, enquanto outros provavelmente tenham imunidade apenas parcial, agora que os governos ampliaram o acesso às vacinas para grupos mais jovens.

Crianças Vulneráveis

Embora as crianças americanas de 5 a 11 anos tenham sido liberadas para receber a vacina Pfizer-BioNTech neste mês, muitas crianças que estavam entre as primeiras a receber a primeira dose não receberão a segunda até o Dia de Ação de Graças, na próxima quinta (25). A pessoa só é considerada totalmente vacinada duas semanas após o recebimento de uma segunda dose, que é administrada 21 dias após a primeira.

Somando-se à preocupação, a variante delta, altamente contagiosa, se apresenta como uma ameaça que não existia durante as festas do ano passado. A delta pode causar mais infecções em crianças e adultos jovens este ano, disse o professor de doenças infecciosas da Universidade Vanderbilt, William Schaffner.

“Muitos adultos não foram vacinados e a vacinação de crianças pequenas, de 5 a 11 anos, está diminuindo”, disse Schaffner. “Isso não é um bom presságio para o fim do ano.”

O estado de Michigan teve mais de 50.000 casos na semana passada, em comparação com 37.000 na Califórnia, que tem quatro vezes mais residentes. Ohio e Minnesota também estão no topo da lista, junto com a Pensilvânia - onde 95% de sua população com 12 anos ou mais já recebeu pelo menos uma dose de vacina.

Em todo o país, a média de sete dias de novos casos diários saltou 11% este mês para mais de 83.000, após declínios nos dois meses anteriores, conforme dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

Aumento em todo o país

Na Califórnia, o governador Gavin Newsom tem alertado os residentes sobre a perspectiva de uma onda de inverno e instado todos os adultos a tomarem uma dose de reforço da vacina. O estado mais populoso abriu elegibilidade de reforço para todos com 18 anos ou mais, à frente da orientação federal.

Newsom apontou para a trajetória do vírus na Califórnia no ano passado, quando o estado tinha baixas taxas de casos em outubro, e em novembro tinha praticamente dobrado, e novamente em dezembro. Ele alertou que as festas em feriados e a eficácia da vacina diminuindo ao longo do tempo podem fazer com que este ano tenha um desfecho parecido.

A pressão sobre as unidades de terapia intensiva atualmente é maior em Montana, no Colorado e no Novo México, mas a taxa de novas admissões está diminuindo nos dois primeiros estados e se estabilizou no Novo México. Os leitos de UTI tendem a encher nos dias e semanas após um aumento repentino.

Os casos estão aumentando ainda mais em alguns dos estados dos EUA mais vacinados. A Pensilvânia, por exemplo, tem a taxa mais alta do país de crianças 12 anos ou mais já com a primeira dose aplicada, segundo dados do CDC. Ainda assim, a porcentagem de sua população geral que está totalmente vacinada é bem menor, 62%.

Em todo o país, 59% da população está totalmente vacinada e 16% receberam um reforço, mostram os dados do CDC.

Acesso à dose de reforço

Na cidade de Nova York, o prefeito Bill de Blasio liberou nesta semana as doses de reforço para todos os adultos. Embora as internações e mortes permaneçam baixas na cidade, há um aumento dos casos à medida que o clima esfria e mais pessoas se reúnem no em locais fechados para o Dia de Ação de Graças e o Natal. O comissário de saúde, Dave Chokshi, aconselhou os nova-iorquinos, inclusive os vacinados, a fazer o teste antes de participar de reuniões e viajar.

O feriado judaico de Hanukkah, entretanto, vai ser mais cedo este ano, começando em 28 de novembro, logo após o Dia de Ação de Graças, em vez do típico período no início de dezembro.

“O Dia de Ação de Graças pode pesar para nós”, disse o governador de Nova Jersey, Phil Murphy, durante uma coletiva sobre o vírus em 15 de novembro. “Conseguir aplicar a dose de reforço no maior número de pessoas entre agora e as festas é muito importante.”

As vacinas têm se mostrado eficazes na prevenção de internação e morte, mas não são tão eficazes no bloqueio de casos mais leves. A imunidade também diminui com o tempo.

Aumentar a taxa de vacinações e reforços pode ajudar a evitar um aumento repentino no feriado, disse o consultor médico da Casa Branca, Anthony Fauci, em 9 de novembro.

Com a colaboração de Jonathan Levin, Elaine Chen, Sri Taylor, Kristen V. Brown, Keshia Clukey e Kara Wetzel.

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