Entenda os impactos do mercado sobre as criptomoedas

Com maior presença no portfólio de investimentos de empresas e pessoas físicas, as moedas digitais se tornaram suscetíveis ao noticiário

Por

Por Matheus Mans para Mercado Bitcoin

São Paulo – Cada vez mais consolidadas, as criptomoedas ganharam, nos últimos anos, corpo e maior participação no mercado financeiro. Com isso, assim como outros produtos, passaram a ser influenciadas pelas notícias econômicas, internas e externas.

“Hoje, as criptomoedas fazem parte do universo de investimentos. Questões macroeconômicas como taxas de juro, inflação e câmbio, bem como o framework regulatório, têm impacto nas criptos, a exemplo de outros ativos”, diz Bruno Milanello, executivo de novos negócios do Mercado Bitcoin.

Especialistas afirmam que as criptomoedas também acompanham as movimentações do mercado. Em 2020, por exemplo, apesar de ter demorado mais a reagir, o Bitcoin apresentou um crescimento acelerado conforme investidores fugiam de aplicações tradicionais em queda, para buscar melhores retornos com as moedas digitais.

O que se viu em um ano de pandemia e turbulência no mercado foi o Bitcoin registrar valorização acima de 170%. “Ter criptoativos dentro de um portfólio de investimentos é algo que deve ser considerado para a diversificação da carteira”, diz Milanello. “Mas é preciso avaliar o apetite ao risco bem como a tolerância à volatilidade”, completa.

Há, ainda, os impactos inerentes ao mercado cripto, que mexem com as cotações. “É importante, por exemplo, buscar instituições renomadas, checar relatórios de hackeamento, escolher corretoras com referência e que produzam material educativo”, diz Tatiana Revoredo, professora do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper).

Milanello lembra ser preciso ficar atento aos fatores que mexem com o ativo, seja para o ganho ou para a perda. “Hoje, há mais de dez mil criptoativos, portanto é fundamental que, antes de investir, se informe sobre ele, a corretora e a equipe que está por trás (quando possível), as variáveis que movem o preço e o tokenomics, o que se conhece por economia da token, ou do criptoativo”, diz o executivo.

O que muitos analistas ressaltam é que moedas digitais fortes como o Bitcoin ou Ethereum ainda são bons investimentos contra a perda gerada pela inflação. “Com esse desequilíbrio macroeconômico, é melhor colocar seu dinheiro em um ativo descentralizado. Isso joga os investidores para o ouro e para as criptomoedas”, avalia o analista do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica, Allan Augusto Gallo Antonio.

Política versus Bitcoin

Após o Bitcoin ser adotado oficialmente por El Salvador e por Miami, surge a dúvida em relação à atuação política que a moeda pode passar a sofrer. “Não terá influência política nenhuma se o Bitcoin se mantiver descentralizado e pulverizado”, diz Revoredo. “Não tem como isso acontecer já que quem faz a emissão é um software”.

Milanello, porém, lembra que o noticiário político, de certa forma, mexe com o humor dos investidores. “Essa questão tem impacto direto no dia a dia das pessoas e o grau de sensibilidade acaba respingando no preço. É preciso lembrar que todos têm suas agendas particulares e objetivos distintos. Onde tem subjetividade, tem impacto”, diz.