Miami — Os varejistas no Brasil tradicionalmente fazem viagens para comprar produtos no Brás, o maior distrito de vestuário do país, ou em outras localidades, com objetivo de renovar seus estoques. Os pedidos são pagos em grande parte em dinheiro e não é possível parcelar. Em um país como o Brasil, onde a segurança continua sendo um problema, não é seguro andar pela cidade com milhares de reais no bolso. Os varejistas vêm de todo o país, muitas vezes viajam de ônibus ou avião, pagam estadias em hotéis, a fim de fazer compras durante alguns dias. Para se ter uma ideia do tamanho do Brás, o distrito movimenta cerca de R$ 20 bilhões por ano.
Chegar lá pode ser uma viagem exaustiva que pode se tornar cara muito rapidamente.
Ao longo dos anos, esses varejistas começaram a usar o WhatsApp e o Instagram para fazer algumas de suas compras, mas ainda assim enfrentam o problema do frete – por vezes, muito caro –, sem falar que não existe uma forma de parcelar (uma prática comum para consumidores no Brasil). Considerando que a maioria desses varejistas também não tem cartão de crédito, equilibrar o fluxo de caixa também se torna um problema.
“Algumas dessas pessoas andam pelo Brás com suas economias no bolso”, disse Lucas Chita, cofundador e CEO do Canal Dstak, novo marketplace de moda B2B on-line para varejistas.
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A empresa tem sede em São Paulo, no meio do Brás, e anunciou a conclusão de uma rodada de investimento semente de US$ 2,6 milhões.
Embora a Amazon e o Mercado Livre existam para atender aos consumidores, não havia uma solução semelhante para varejistas. Em 2019, a Zax lançou uma solução semelhante e, até o momento, a empresa levantou US$ 8,1 milhões, segundo o Pitchbook.
O Canal Dstak foi lançado em junho de 2020 e conta com 350 atacadistas e 130 mil usuários ativos por mês. A empresa oferece opções de pagamento flexíveis na forma de “compre agora, pague depois”, com prazo de reembolso de até seis meses e taxas de juros que variam de 4,5% a 15% ao mês, dependendo da duração do empréstimo.
Os varejistas podem fazer pedidos em diversos atacadistas, que, então, enviam os produtos para o centro de distribuição do Canal Dstak. Os pedidos são organizados em uma única remessa e enviados aos varejistas, o que significa que os clientes só precisam pagar uma taxa de frete, que Chita diz ser 75%-80% mais barata do que as opções regulares. Os pacotes chegam entre 24 horas e 12 dias, acrescentou.
“Minhas avós eram varejistas, então conhecemos os pontos fracos”, disse Chita.
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A empresa – fundada por Chita, Marco Túlio Moraes Korehisa e Vinícius Fernandes – começou com roupas, mas se expandiu para bijuterias, cosméticos e calçados.
O Canal Dstak reconhece que sua base de clientes se beneficiaria de mais produtos financeiros no futuro e planeja desenvolvê-los, mas, por enquanto, usará o dinheiro desta rodada de investimentos para aumentar sua equipe de 35 para 60 funcionários e para recrutar novos vendedores. No momento, a lista de espera conta com 200 atacadistas.
“Quando nos tornamos essa plataforma de one-stop shop, na qual o comprador tem acesso a vitrines de diversas lojas, tornamos a vida desses empreendedores muito mais fácil”, disse Chita.
A rodada foi liderada por Valutia, fundo de capital de risco focado em startups em estágio inicial, e teve participação de SV Latam Capital, Verve Capital, Shilling VC, Rhombuz VC, Allievo Capital, BluStone e Crivo Ventures.
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