Stone perde 1/3 do valor de mercado após decepção com resultados

No ano, os papéis da empresa acumulam perdas de 75,3%, sendo de 47,5% apenas nos últimos 30 dias

Resultados da credenciadora Stone decepciona investidores
17 de Novembro, 2021 | 06:10 PM

Bloomberg Línea — As ações da credenciadora de pagamentos Stone derreteram 34,6% nesta quarta (17) na Nasdaq após decepção dos investidores com os resultados no terceiro trimestre. A empresa teve lucro ajustado de R$ 132,7 milhões no terceiro trimestre, 54% abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior.

Na visão de analistas, os resultados da Stone foram penalizados pelo custos maiores de funding, aumento nas despesas operacionais e previsão de margens menores por mais algum tempo.

As ações da credenciadora terminaram o dia negociadas a US$ 20,70, com perdas de 34,6%. No ano, os papéis da empresa acumulam perdas de 75,3%, sendo de 47,5% apenas nos últimos 30 dias.

Os negócios de crédito da empresa têm sido questionados pelo mercado após a Stone reportar, no trimestre anterior, um ajuste de R$ 397,2 milhões para cobrir tanto inadimplência quanto problemas técnicos para recuperação de crédito devido a limitações da área de registro.

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No terceiro trimestre, o volume total de pagamentos (TPV) totalizou 75 bilhões, montante 54% superior ao obtido no mesmo período de 2020.

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Em teleconferência com analistas, o CEO da empresa, Thiago Piau, reconheceu que a Stone terá margens menores nos próximos meses decido à continuidade de investimentos.

O que dizem os analistas

Na avaliação do Goldman Sachs, os resultados da Stone criam “incertezas adicionais” em relação à recuperação do negócio. “O resultado mais fraco do que o esperado deveu-se principalmente às maiores despesas financeiras, devido ao aumento das taxas de juros, R $ 120 milhões em investimentos incrementais para o crescimento do negócio e à incorporação da Linx. Isso mais do que compensou o crescimento saudável do TPV e da receita”, disseram os analistas em relatório.

Para os analistas do BTG Pactual, o crescimento do TPV e das receitas surpreenderam positivamente, além do fato de não terem sido feitas provisões adicionais em relação à carteira de crédito. “Dado que o crédito ainda não voltou (não sabemos quando voltará ou com qual “rentabilidade”) e que a Selic está disparando, vemos o lucro de 2022 em risco”, completaram.

(atualizado às 18h10 com dados do fechamento dos negócios)

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Toni Sciarretta

News director da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista com mais de 20 anos de experiência na cobertura diária de finanças, mercados e empresas abertas. Trabalhou no Valor Econômico e na Folha de S.Paulo. Foi bolsista do programa de jornalismo da Universidade de Michigan.