Bloomberg — A Audi está considerando acordos com a fabricante britânica de carros esportivos McLaren, enquanto a fabricante alemã busca maneiras de entrar nas corridas de Fórmula 1 e promover sua tecnologia de carros elétricos, segundo fontes familiarizadas com o assunto.
A fabricante de veículos planeja estudar as finanças da McLaren nas próximas semanas para ajudar a decidir sobre possíveis transações, segundo fontes a par do assunto. A marca premium da Volkswagen já tinha sugerido adquirir a McLaren como uma forma de obter acesso ao negócio da Fórmula 1, mas a McLaren considerou a oferta muito baixa, como informou uma das fontes.
O conselho fiscal da Audi, que é encabeçado pelo CEO e fã de corrida de longa data, Markus Duesmann, revisou as opções na quarta-feira (17), como parte do plano de entrar na F1, disseram as fontes. A empresa pode não decidir até o próximo ano se vai se juntar à McLaren e também buscar parcerias alternativas com empresas como a Red Bull Racing ou a Williams Racing, disseram as fontes, que não querem que seus nomes sejam apontados na discussão dos detalhes das negociações.
A gama de patrocinadores da McLaren, incluindo a Ares Management e o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita, têm opiniões divergentes sobre buscar uma venda ou uma listagem por meio de uma SPAC (ou blank check company, como também é conhecida em inglês), disse uma das fontes.
A Audi “considera várias ideias de cooperação como parte de sua rotina”, disse uma porta-voz, recusando-se a comentar mais. A McLaren não retornou de imediato um pedido de comentário.
A Audi tem interesse em adentrar no universo da série de corridas de maior prestígio do mundo para mostrar a tecnologia dos veículos elétricos, em um monmento em que a Fórmula 1 inicia o movimento de se tornar mais sustentável, informaram as fontes. Um empreendimento conjunto poderia ser um alerta de obstáculos pela frente, com a estratégia mais ampla da Volkswagen de reduzir a complexidade da maior montadora da Europa, cuja tentativa de desafiar a Tesla está enfrentando forte concorrência em meio a uma série de modelos de veículos elétricos.
Na pista, a Audi teria de competir com a Mercedes, que domina a Fórmula 1, e tem planos de manter sua vantagem enquanto a série se prepara para a era do carro elétrico.
Os planos da Audi e, potencialmente, da Porsche - marca irmã do grupo VW - de competir na Fórmula 1 já em 2026, esbarram na condição de se tornarem totalmente elétricas e, ainda assim, manterem limites de custo, disseram as fontes. Os carros de corrida atuais são movidos por motores híbridos de alto desempenho, e a Fórmula 1 se comprometeu a reduzir sua pegada de carbono para zero até 2030.
Pressão para a simplificação
O CEO da VW, Herbert Diess, tem tentado reduzir a estrutura do conglomerado da montadora e se tornar mais ágil, como parte de uma revisão de ativos anunciada cinco anos atrás. Os esforços foram suspensos, em grande parte. Um plano para separar marcas como Ducati ou Lamborghini não avançou, e a VW aumentou a sua teia de marcas com a aquisição da fabricante de caminhões americana, UA Navistar International.
A montadora atualmente tem mais funcionários do que nunca, empregando 674.800 pessoas em todo o mundo, de acordo com seu relatório de ganhos do terceiro trimestre, superando a força de trabalho da Tesla, de cerca de 71.000 funcionários.
Um acordo com a McLaren teria que superar uma série de desafios econômicos. A boutique de carros esportivos tem tido dificuldades financeiras desde que a pandemia interrompeu sua produção e o circuito de corrida da Fórmula 1. No ano passado, a empresa vendeu e fez um leaseback de sua sede em Woking, perto de Londres; vendeu uma participação em sua unidade de corrida para um consórcio de investidores sediados nos EUA; e levantou dinheiro de investidores novos e existentes, incluindo fundos soberanos do Bahrein e da Arábia Saudita.
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