Bloomberg — Sobre as densas florestas e fazendas de cacau da região de Ashanti, em Gana, uma frota de drones zumbia a caminho do distrito central de Bosomtwe. Ao chegar ao destino no domingo, o veículo vermelho e branco lançou pacotes térmicos de paraquedas contendo a carga há muito aguardada pela comunidade de Kokodei: frascos com a vacina da Pfizer contra a Covid-19.
Nos próximos dias, esses drones vão lançar dezenas de milhares de doses desenvolvidas pela Pfizer e BioNTech em algumas das zonas rurais mais remotas e acidentadas de Gana, como parte da iniciativa para fornecer acesso mais equitativo às vacinas. A cada quatro minutos, do amanhecer ao anoitecer, drones operados pela Zipline deixarão os centros de distribuição com as vacinas. Sua missão é levar doses a 40% da população de Gana.
Esta não é a primeira vez que a Zipline trabalha com vacinas e suprimentos para tratamento da Covid, mas o imunizante de RNA mensageiro, altamente eficaz, exige condições rigorosas de armazenamento em temperaturas ultrabaixas. Até que estejam prontas para uso, as doses da Pfizer-BioNTech devem ser armazenadas em temperaturas de -90C negativos. Gana está entre os muitos países de renda baixa e média que não possuem equipamento e infraestrutura para armazenar e entregar essas doses.
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“Quando você sai da cidade, chega a lugares onde fazer entregas pode ser um pesadelo”, disse o vice-presidente sênior da Zipline para a África, Daniel Marfo, em entrevista. “Esta é realmente a etapa final: lugares onde o acesso rodoviário é terrível, onde as mudanças das condições climáticas podem isolar comunidades, onde rios ou lagos separam as pessoas da área continental.”
O governo dos EUA doou as doses da Pfizer-BioNTech por meio da Covax, programa apoiado pela Organização Mundial da Saúde, e Gana recorreu à Zipline para fazer as entregas. No total, a startup transportará 50 mil doses da Pfizer-BioNTech em nove distritos da região de Ashanti - conhecida pelo artesanato de ouro, cacau, café e fazendas de óleo de palma, um lago meteorítico e chuvas fortes - além de outros distritos mais ao norte e oeste.
O programa é um passo importante para aumentar a imunidade à Covid ao redor do mundo, não apenas em países ricos, que têm sido criticados por acumular vacinas, particularmente as de RNA mensageiro fabricadas pela Pfizer-BioNTech e Moderna. Embora os EUA tenham prometido doar mais de 1 bilhão de doses a países mais pobres, muitos continuam sem acesso. As empresas também foram criticadas por não disponibilizarem as doses de maneira mais ampla.
Até o momento, Pfizer e BioNTech distribuíram 2 bilhões de doses da vacina globalmente, e um terço foi para países de renda baixa e média. Até o final de 2022, os parceiros se comprometeram a distribuir 2 bilhões de doses no total para esses países. A Zipline fará parte desse esforço, com capacidade para operar mais de cem voos por dia. A Moderna também intensificou as medidas para aumentar o acesso. Na quinta-feira (11), a empresa disse que está vendendo doses para a União Africana por US$ 7, menos do que cobrou de alguns países no passado.
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