Bloomberg — As negociações sobre a criação de um mercado global de carbono encontraram novos obstáculos, destacando como será difícil quebrar um impasse de seis anos em uma questão vista como um marco de sucesso para a COP26.
As discussões sobre o mercado de carbono expuseram falhas nesta quinta-feira, com países discordando sobre como contabilizar os créditos de emissões que poderão ser vendidos no mercado global, segundo pessoas a par do assunto, que pediram para não serem identificadas porque a informação é privada. As conversas continuarão na sexta-feira - faltam menos de 24 horas para o encerramento do encontro.
Conseguir um acordo sobre as regras para o comércio global de carbono representaria um grande sucesso para esta rodada de negociações sobre o clima, já que os negociadores tentaram e não conseguiram fechar um acordo desde 2015. A esperança é que um acordo sobre esse mercado possa ajudar a reduzir as emissões e a canalizar dinheiro para os países pobres, além de aumentar o investimento em tecnologia de energia limpa.
Regras fracas
Mas o risco é que um acordo fraco consagre regras tão vagas que podem acabar permitindo que as emissões aumentem em vez de diminuírem.
As negociações sobre o comércio de carbono fracassaram em 2019 na última rodada de negociações climáticas em Madrid, com o Brasil e a União Europeia em desacordo sobre tópicos que incluem como evitar fazer uma dupla contagem das emissões. Essas questões contábeis continuam sendo um obstáculo, e outros entraves também surgiram durante as negociações em Glasgow.
No início das negociações, as chances de sucesso aumentaram. O Brasil mostrou alguma flexibilidade e a UE foi incentivada. No início da quinta-feira, o Brasil ainda agradeceu a outros países pelo “trabalho árduo e espírito construtivo dos últimos dias que nos permitiu estar agora o mais perto que jamais estivemos de um acordo”.
A minuta de compromisso de regras contábeis com respaldo brasileiro também teve aprovação dos EUA e Japão, segundo pessoas a par das conversas. No entanto, embora a flexibilidade do Brasil represente “um pequeno avanço”, a solução proposta sobre regras contábeis não obteve o apoio de alguns outros países, de acordo com a International Emissions Trading Association.
“Sabemos que nem a Índia nem a China até agora concordaram com essa nova posição brasileira e, portanto, é necessário mais trabalho”, disse a IETA em um boletim informativo, acrescentando que as duas nações podem estar preparadas para um acordo.
A discussão sobre como evitar a dupla contagem de compensações de carbono é um dos três principais obstáculos nas negociações. As nações também estão distantes quanto ao tamanho da parcela das receitas desse mercado que deve ser canalizada para os países vulneráveis ao clima e quanto à possibilidade de permitir o uso de antigos créditos de carbono no novo mercado.
Espen Barth Eide, ministro do clima e meio ambiente da Noruega, disse na quinta-feira que, como as negociações se aproximavam do “momento crítico”, várias questões permaneceram em aberto.
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--Com assistência de Alberto Nardelli.
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