Inflação mais alta nos EUA não afeta apetite por risco nos mercados externos

Bolsas europeias operam em direções contrárias, enquanto futuros de índices em NY trabalham com ganhos; mercado de títulos nos EUA reabre com pressão após dados inflacionários

As variáveis que orientarão os mercados internacionais
12 de Novembro, 2021 | 08:40 AM

Barcelona, Espanha — A disparada da inflação acendeu sinais de alerta nos mercados financeiros, mas não afetou o apetite por risco nos dois lados do Atlântico. As ações que encabeçaram as altas foram justamente de setores que se beneficiam com os juros mais altos – energia, materiais e, claro, bancos. Empresas de telecomunicações, tradicionalmente grandes pagadoras de dividendos, também se destacam neste cenário.

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Ontem, tirando o Dow, que caiu 0,44%, os índices norte-americanos fecharam em alta – S&P 500 (+0,06%) e Nasdaq (+0,52%). Na Europa, as principais bolsas seguiram pelo mesmo caminho e o Stoxx 600 subiu 0,32%, renovando uma marca recorde.

E para hoje...

Nas primeiras operações do dia, as bolsas europeias trabalhavam sem direção definida, depois de uma abertura no vermelho. Os futuros de índices em Wall Street, por outro lado, subiam. Mesmo que os indicadores sigam em alta, o saldo da semana deve ser negativo - o que é normal e até “saudável” depois de cinco semanas seguidas com saldo semanal positivo.

O mercado de títulos do Tesouro dos EUA – que ontem fechou por feriado – volta à ativa e repercute a alta da inflação no país. Os bônus de cinco anos lideram as perdas pela preocupação de que o Fed tenha de subir os juros antes do previsto. A curva de rendimentos se achatou ao mínimo desde marços de 2020.

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Um retrato dos principais mercados no exterior

Estas são as notícias que estão no foco dos operadores:

  • O índice preliminar confiança do consumidor dos EUA da Universidade de Michigan. Este dado deve ser favorável, com a expectativa de melhora na renda em virtude da recuperação do mercado de trabalho.
  • O mercado aguarda para em breve a nomeação do próximo dirigente do Federal Reserve (Fed). O atual presidente Jerome Powell, cujo mandato expira em fevereiro, e Lael Brainard são as únicas pessoas que apareceram publicamente como candidatos.
  • No campo geopolítico, o aviso dos EUA de que a Rússia pode estar avaliando uma possível invasão da Ucrânia. Isso se produz em um contexto de tensões na região e uma crise energética que tem feito disparar os preços das commodities. O presidente da Bielorrússiaameaçou cortar o trânsito de gás se a União Europeia impuser sanções ao seu regime. Cerca de 20% do gás que viaja da Rússia à Europa passa pelo gasoduto que atravessa a Bielorrússia. Ontem, os preços do gás natural na Europa subiram 6,66%.

No radar

  • Crescimento do Setor de Serviços (9h00); BRL – Posições líquidas de especuladores no relatório da CFTC (16h30)

No exterior:

  • EUA: índice de confiança do consumidor da Universidade de Michigan (novembro)
  • Produção Industrial da Zona do Euro (7h00)
  • Ofertas de Emprego JOLTs nos EUA (12h00);
  • Discurso de Williams, membro do FOMC (14h10)

-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.