Hedge contra Inflação? Alta de preços impulsiona ações de valor, ouro ... e Bitcoin

Dados derrubaram títulos do Tesouro dos EUA, ações de tecnologia e empurraram o dólar para perto da máxima em um ano diante das expectativas de que o Federal Reserve terá de subir as taxas de juros antes do previsto

Bitcoin
Por Eric Lam
11 de Novembro, 2021 | 11:29 AM

Bloomberg) — O novo salto dos preços ao consumidor nos Estados Unidos é o argumento mais forte até agora contra a transitoriedade da inflação, o que leva investidores a ajustarem posições em meio à oscilação dos ativos de risco.

Ações de valor, moedas digitais, ouro e apostas em uma curva de juros mais achatada são vistos como alguns dos potenciais beneficiários de um ambiente de inflação mais alta, na sequência do relatório que mostrou a maior alta dos preços dos EUA em três décadas. Os dados derrubaram títulos do Tesouro dos EUA e ações de tecnologia e empurraram o dólar para perto da máxima em um ano, diante das expectativas de que o Federal Reserve terá de subir as taxas de juros antes do previsto.

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“Nos últimos dias, vimos informações realmente importantes que levaram as pessoas a buscarem proteção contra os riscos da inflação”, disse Chris Weston, chefe de pesquisa da Pepperstone Financial.

Cenário de inflação

As expectativas do mercado de títulos dos EUA para a inflação aumentam a cada novo relatório de dados, como indicado mais claramente na chamada inflação implícita, que rastreia a diferença entre os rendimentos dos títulos protegidos contra a inflação e os Treasuries convencionais. A inflação implícita em cinco anos atingiu recorde.

  

Rotação

À medida que a inflação sobe cada vez mais, também cresce a probabilidade de aumento dos juros, o que ameaça ações mais valorizadas. Globalmente, isso significa que ações de tecnologia e discricionárias do consumidor estão em maior risco. Qualquer saída do segmento de crescimento deve beneficiar setores de valor, como financeiro, matérias-primas e energia.

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Um hedge contra a inflação são ações mais baratas de empresas que podem manter o poder de precificação mesmo com índices de preços ao consumidor acima de 5%, disse Ben Emons, estrategista macro global da Medley Global Advisors.

Ouro

Os rendimentos reais também despencaram, e isso leva investidores a buscarem ativos mais arriscados em conjunto com hedges mais tradicionais, como o ouro. Com isso, o bitcoin, a maior moeda digital, atingiu a máxima de quase US$ 69.000 nesta semana, enquanto o valor de mercado total do setor de criptomoedas recentemente ultrapassou US$ 3 trilhões, segundo a CoinGecko.com.

  

Curva mais achatada

A curva de juros dos EUA voltou a ficar achatada após se inclinar por um breve período. A diferença entre os rendimentos dos títulos de 5 e 30 anos diminuiu para níveis não vistos desde março de 2020 no overnight, após o relatório de inflação. A tendência sugere que operadores de títulos estão preocupados com a saúde da economia dos EUA ou com o risco de uma política monetária equivocada, caso o Federal Reserve avalie que precisará agir para frear os preços.

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Dólar é rei

A maior expectativa de aumento dos juros assim que o Fed concluir a redução gradual das compras de títulos também se traduz em um dólar mais forte. Isso poderia desviar fluxos de capital dos ativos de mercados emergentes, com impacto sobre ações, títulos e outras moedas.

  

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